Ciência
18/08/2020 às 03:00•2 min de leitura
Cientistas desenvolveram um novo método teórico de simulação e, com ele, estudaram as condutividades térmicas e elétricas da "incomum" água encontrada no interior de Urano e Netuno. Por meio de computadores, foi possível simular esses processos físicos em escala microscópica e desvendar mais detalhes sobre a estrutura interna e campo magnético dos planetas, como evoluíram e sua idade.
O time de pesquisadores estudou três estados físicos da água que poderiam existir no planeta: sólido, líquido e superiônico (encontrado em cenários de temperatura e pressão altíssimos). Contudo, eles explicam que não se deve comparar as características encontras nos planetas gelados com os líquidos da Terra.
A razão disso se dá pelas raras condições em que os líquidos são encontrados. Os fatores físicos dos planetas alteram as características da água, que se torna mais densa e com mais condutividade elétrica.
Urano e Netuno, respectivamente. (Fonte: NASA)
O estudo feito em parceria entre a Escola Internacional de Estudos Avançados (Sissa), em Trieste, na Itália e Universidade da Califórnia (UC), nos EUA, revelou que ambos planetas tem água em sua composição.
Embora, segundo os pesquisadores, seja fácil deduzir que a maioria dos corpos celestes tenham água em sua composição — por conter hidrogênio e oxigênio, alguns dos elementos mais comuns no espaço, junto do hélio —, a descoberta ainda revela mais detalhes sobre os planetas.
De acordo com os dados, a água superiônica encontrada em Urano e Netuno é mais eletricamente condutiva que a da Terra e pode compor uma larga camada do interior dos planetas. O estudo também revelou que Urano teria um núcleo congelado em seu interior — característica que explicaria a pouca luminosidade no corpo celeste, pois haveria pouca transmissão de calor vinda de seu centro.
A simulação em escala atômica dos processos físico-químicos encontrados nos planetas permite o entendimento do processo evolutivo de bilhões de anos, com apenas um nanosegundo de teste. Assim, o processo representa um grande avanço para o conhecimento científico da área.
Os autores da pesquisa, Federico Grasselli e Stefano Baroni explicam: “Os coeficientes de transporte térmico e elétrico ditam a história do planeta, como e quando foi formado, como ele resfriou", ao ressaltar a importância da ferramenta para o estudo.