Datação por radiocarbono ganha melhorias importantes

15/09/2020 às 04:002 min de leitura

O International Calibration Working Group (IntCal20) anunciou a tão esperada atualização na datação por radiocarbono para 2020. O trabalho divulgado na edição de agosto da Radiocarbon trabalha para estender em duas vezes a última curva cronológica elaborada em 2013.

A datação por radiocarbono é um método voltado a identificar o período histórico em que materiais encontrados nos sítios arqueológicos existiram na Terra. A técnica usa o isótopo radioativo do carbono-14 — que deixa sua marca na superfície durante a decomposição da matéria orgânica —  para determinar a idade de um objeto.

Primórdios da datação por radiocarbono

(Fonte: Pixabay)(Fonte: Pixabay)

As primeiras pesquisas envolvendo datação por radiocarbono foram realizadas na Grécia durante a década de 1960, quando arqueologistas das ilhas de Santorini descobriram os resquícios da antiga Civilização Minoica de Tera enterrada em meio a destroços vulcânicos.

Há 3,5 mil anos, a cidade de Tera foi atingida por uma catastrófica erupção de um vulcão, que espalhou fumaça e rochas vulcânicas pelo Mediterrâneo. A explosão também provocou ondas de tsunami que atingiram a costa de Creta.

Essa foi uma das explosões vulcânicas mais expressivas nos últimos 10 mil anos, deixando uma marca histórica a respeito da Idade do Bronze no Mediterrâneo. Entretanto, esse é um tópico muito controverso na arqueologia, visto que os pesquisadores ainda não haviam chegado a um consenso sobre a data exata do acontecimento.

De toda forma, a nova curva de datação por radiocarbono feita pela IntCal20 pode ser determinante para que os cientistas façam novas descobertas não só sobre o fim de Tera, mas também sobre a cronologia de outros lugares, artefatos e eventos no mundo todo.

Calibrando as medidas radiocarbônicas

(Fonte: Pixabay)(Fonte: Pixabay)

Segundo a equipe da IntCal20, toda matéria viva na Terra absorve o carbono-14, que se decompõe com o tempo. Isso faz com que ossos, conchas, carvão e outras matérias orgânicas deixem uma marca temporal impressa na superfície do planeta.

Entretanto, o novo documento entende que a datação carbônica precisa ser ajustada conforme a localização do objeto em análise e de maneira independente, graças à flutuação da atividade solar e de outros fenômenos, como as bombas atômicas e a queima de combustível fóssil.

Os pesquisadores acreditam que a análise atual de extratos de madeiras antigas, núcleos de geleiras, sedimentos de lagos sazonais e estalagmites de caverna contém matéria suficiente para rastrear o passado da Terra em até 55 mil anos, o que seria praticamente a medida máxima que a datação por radiocarbono pode atingir.

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