Estilo de vida
22/09/2020 às 03:00•2 min de leitura
Um estudo publicado no site PLOS One em 16 de setembro decidiu analisar a precisão de algo conhecido como “retratos de múmia”, pinturas dos rostos dos falecidos que eram fixadas na parte da frente do corpo mumificado.
Para isso, foi escolhido os restos mortais de uma criança egípcia que morreu um pouco depois da virada do primeiro milênio d.C. Os resultados provaram que o retrato do jovem era muito preciso, exceto por um detalhe: a imagem o fazia parecer de três a quatro anos mais velho.
(Fonte: Nerlich AG, et al/PLOS One/Reprodução)
A múmia do menino foi encontrada por volta de 1880 em um cemitério próximo à pirâmide de Hawara, a sudoeste do Cairo, e escolhida provavelmente por ser uma das poucas que possuía o retrato ainda anexado aos restos mortais.
O trabalho foi realizado por uma equipe de cientistas da Áustria e da Alemanha, e o processo envolveu a realização de uma tomografia computadorizada do corpo e a análise de radiografias tiradas em 1984 para criar reconstrução digital em 3D da face e do corpo do garotinho.
(Fonte: Nerlich AG, et al/PLOS One/Reprodução)
Além da remoção do cérebro e de alguns dos órgãos abdominais (prática comum durante a mumificação egípcia), os pesquisadores notaram que a causa da morte provavelmente foi pneumonia, pois encontraram resíduos de tecido pulmonar condensado.
Para a face, a equipe utilizou padrões de crianças da atualidade em uma faixa etária de três a oito anos de idade para a espessura adequada da pele e o rosto foi reconstruído seguindo o formato do crânio e dos dentes. Já o cabelo e a cor da pele foram baseados na pintura.
(Fonte: Nerlich AG, et al/PLOS One/Reprodução)
Segundo os cientistas, o retrato e a reconstrução realmente tiveram muitas semelhanças, como as dimensões da testa, a linha dos olhos e a distância entre o nariz e a boca. A grande diferença realmente era a aparência mais velha retratada na imagem.
(Fonte: Nerlich AG, et al/PLOS One/Reprodução)
Segundo Andreas Nerlich, pesquisador-chefe do estudo, "o retrato mostra traços um pouco mais velhos, que podem ter sido resultado de uma convenção artística da época". Entretanto, ainda não está claro se isso era uma prática comum dos artistas daquela época.
Nerlich acredita que a semelhança entre a reconstrução 3D e a pintura pode ter ocorrido porque a imagem foi criada um pouco antes da morte do menino, o que nem sempre é o caso com os retratos de múmias.
Trabalhos anteriores estudando outras gravuras afixadas em restos mortais provaram que muitas não eram semelhantes aos cadáveres, como o caso de um homem idoso que possuía um retrato de quando era jovem e a “múmia de Glyptothek”, cuja imagem era de uma pessoa totalmente diferente.