Ciência
30/09/2020 às 06:00•2 min de leitura
Em meio a tantos mistérios e indefinições que ocupam o espaço sideral, os buracos-negros e matérias escuras continuam sendo umas das maiores incógnitas para cientistas, que constantemente se veem sem saída ao tentar explicar tais fenômenos. E a história não para por aí, pois a busca pelos corpos celestes está ganhando novos capítulos, com grupos de especialistas indo a fundo em uma jornada para detectar buracos-negros “estupendamente grandes” (“stupendously large black holes”, ou SLABs), que podem dar respostas mais concretas sobre a existência de eventos.
Com tamanhos que podem alcançar números assombrosos, sendo equivalentes a 10 vezes mais do que as dimensões do maior buraco-negro conhecido e 100 bilhões de vezes a massa de sóis, os SLABs poderiam interferir tão diretamente na forma gravitacional de galáxias que acabariam por expor o surgimento de corpos estranhos como a matéria escura, elemento que reage as distorções geradas pela gravidade.
“É surpreendente que pouca atenção tenha sido dada à possível existência de buracos negros estupendamente massivos até agora, porque eles poderiam existir em princípio”, afirma Florian Kühnel, cosmólogo da Ludwig Maximilian University em Munique, em entrevista ao Space. “Já existem evidências de buracos negros com massas de quase 100 bilhões de sóis em núcleos galácticos, então é concebível que SLABs existam e podem até ter sido semeados por buracos negros primordiais”, acreditam os pesquisadores.
O primeiro registro de buraco-negro surgiu quando o universo ainda era jovem e não tinha nem um bilhão de anos. Com o passar do tempo, acredita-se que parte dos corpos foi se alimentando de materiais espaciais e se fundindo com outros da mesma espécie, gerando fenômenos supermassivos ou, até mesmo, os primeiros SLABs, que uniam três fendas em um único sistema.
Segundo os autores do projeto, as únicas formas de detectar buracos-negros estupendamente massivos seriam através do uso de lentes gravitacionais, detectando possíveis distorções do espaço-tempo por meio da força de atração gravitacional ou do dobramento de luz, ou dos efeitos anômalos que geram nas galáxias em que se encontram, alterando características como a transmissão do calor, luz e radiações.
“Não sabemos se SLABs existem, mas esperamos que nosso artigo motive a discussão entre a comunidade”, conclui Bernard Carr, da Queen Mary University of London.