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Toupeira fêmea desenvolve testículos para enfrentar inimigos

20/10/2020 às 08:002 min de leitura

As toupeiras passam muita parte do tempo em túneis subterrâneos, mas elas não estão sozinhas nesse lugar. Por isso, quando um inimigo aparece, não existe rota de fuga: o jeito é encarar. Curiosamente, a evolução deu às fêmeas de toupeira a capacidade de desenvolver testículos como mecanismo de defesa.

Até hoje, pouco se sabia sobre os motivos desse comportamento. Biologicamente, essa estrutura é chamada de ovotestis, que é quando um gônada sexual do animal apresenta tanto aspectos de testículos quanto de ovários. A compreensão do fenômeno remete à formação das gônadas sexuais ainda no útero.

“A certa altura, o desenvolvimento sexual geralmente progride em uma direção ou outra, ou seja, masculino ou feminino. Queríamos saber como a evolução possibilita as características interssexuais das toupeiras”, analisa o geneticista Darío Lupiáñez, do Instituto Max Planck de Genética Molecular.

Em geral, o ovotestis é capaz de liberar óvulos para fertilização. Entretanto, não há a produção de espermatozoides. Ainda assim, as chamadas células de Leydig dão o formato testicular à gônada.

Outro detalhe curioso no caso das toupeiras é que as fêmeas têm dois cromossomos X, em vez de um X e um Y – a ausência do Y torna muito difícil de o embrião desenvolver uma glândula hermafrodita.

Toupeira-ibérica
Toupeira-ibérica

A conclusão dos pesquisadores é que essa características das toupeiras é anterior à formação das glândulas, na história da sua evolução. Além disso, não há uma mudança apenas nos genes, mas em toda a região controlada por eles. A análise da remodelação cromossômica da toupeira-ibérica (Talpa occidentalis) ajudou a esclarecer o processo. Ela foi comparada com a toupeira-nariz-de-estrela (Condylura cristata), bem como os genomas de algumas outras espécies.

Foi descoberto um código extra no gene FGF9, que leva ao desenvolvimento testicular. Também foram encontradas duas cópias extras de um gene que controla a síntese de andrógenos. “A triplicação anexa sequências regulatórias adicionais ao gene, que leva a um aumento na produção de testosterona”, analisa Frascisca Martines Real, do Instituto de Genética Médica e Humana da Alemanha.

O doutor Lupiáñez ainda lembra que, apesar de a natureza criar as ferramentas necessárias para os genes desenvolverem a interssexualidade, os outros órgãos não são afetados. Para a toupeira fêmea, a presença de testículos, mesmo fakes, ajuda na hora de enfrentar inimigos que entrem em suas toca.

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