Ciência
04/11/2020 às 04:00•2 min de leitura
Cientistas da Universidade Cornell, em Nova York, Estados Unidos, relataram, através de um estudo publicado em 29 de outubro na Current Biology, que existem aranhas capazes de ativar o sentido da audição através de suas patas. Segundo os estudiosos, a aranha-cara-de-ogro possui fendas nas pernas que a permitem “ouvir” diversos movimentos de insetos e outras criaturas que se aproximam.
Como as aranhas não possuem tímpanos, seu sistema auditivo se dá por outras estruturas do corpo que permitem a identificação de sons. Alguns grupos de aracnídeos conseguem escutar barulhos distantes até 5 metros através de receptores de vibração distribuídos pelo corpo e capazes de entender a movimentação das correntes de ar e da superfície, e com a aranha-cara-de-ogro (Deinopis spinosa) não é diferente.
Para capturar suas presas no ar, os insetos conseguem perceber a aproximação das vítimas através de fendas paralelas instaladas no exoesqueleto das patas, com cada uma medindo entre 10 a 20 nanômetros de comprimento. Por menores que sejam e, aparentemente, incapazes de entender fenômenos de maior grandeza, os órgãos são dotados de células nervosas que detectam alterações na pressão do ar especialmente causadas por ondas sonoras, que enviam um alerta para o cérebro.
Curiosamente, a detecção das aranhas causa uma resposta rápida em sua dinâmica, levando-a a realizar uma espécie de flip, ou giro, indicando que está prestes a arriscar um movimento brusco de ataque ou defesa. “[Os flips] são balisticamente rápidos, são muito rápidos… e eles são surpreendentemente precisos”, disse Jay Stafstrom, pesquisador de biologia sensorial na Universidade de Cornell, em entrevista ao Live Science. “De uma aranha tão minúscula, com um cérebro minúsculo, é muito impressionante.”
Enquanto os seres humanos são capazes de escutar sons de frequência entre 20 e 20 mil Hz, as aranhas-cara-de-ogro detectam barulhos entre 100 e 10 mil Hz localizados em até 2 metros de distância. Para animais sem tímpanos e com dimensões máximas de 2,5 centímetros de comprimento, o feito é, comparativamente falando, de impressionar mesmo os mais céticos.
Além das adaptações nas patas, as caras-de-ogro também possuem os pelos característicos de outras espécies como as salteadoras, e pesquisadores acreditam que os insetos usem os dois sistemas em conjunto para identificar aproximações.