Cenoura faz bem para a visão? Veja como a 2ª Guerra te enganou

26/06/2021 às 06:003 min de leitura

Durante a nossa infância, constantemente escutamos que comer cenoura pode fazer você enxergar melhor no escuro ou que simplesmente melhora a nossa visão de maneira geral. Entretanto, é bem possível que seus familiares tenham mentido para você durante toda a sua vida apenas paras te incentivar a comer mais legumes e vegetais.

Apesar de as cenouras realmente serem ricas em vitamina A e betacaroteno, essenciais para manter a saúde das córneas e da retina, esse não é especificamente o motivo de origem para essa história. Embora as cenouras tenham benefícios reais para a saúde, a ideia de que comê-las em grande quantidade irá conceder a você superpoderes de visão noturna é um mito com origem na propaganda britânica da Segunda Guerra Mundial.

Enganando o inimigo

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Em setembro de 1940, a Luftwaffe — força aeronáutica do governo nazista — lançou a "Blitz", uma campanha de bombardeio aéreo contra Londres e outras cidades do sul da Inglaterra com o objetivo de desmoralizar os britânicos e levá-los ao fim da guerra. Enquanto os alemães atacavam durante o dia, a Força Aérea Real (FAR) estabeleceu um plano para que os ataques mudassem para a noite.

Por mais que o período noturno parecesse ideal para que os pilotos alemães passassem despercebidos e continuassem atacando a região tranquilamente, as forças britânicas possuíam um trunfo guardado em suas mangas: um radar capaz de identificar a posição das aeronaves até mesmo na escuridão da noite.

A invenção do radar aconteceu quase que por acidente. Em 1934, a inteligência britânica recebeu informações de que os alemães estavam desenvolvendo uma espécie de "raio da morte" com potencial de utilizar ondas de rádio poderosas para paralisar os motores de um bombardeiro inimigo ou até mesmo incendiá-lo a uma grande distância. Então, um planejamento foi traçado. 

Arma secreta

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Após os relatos de que as forças nazistas preparavam um novo armamento mortífero, um comitê especial batizado de "Comissão de Tizard" foi criada para investigar tais afirmações. Uma série de análises feitas sobre a possibilidade de existência de um "raio da morte" demonstrou que um equipamento com tamanho consumo de energia seria praticamente impossível para a época.

Por outro lado, a equipe chegou na conclusão de que seria muito mais plausível os alemães terem desenvolvido uma ferramenta para rastrear veículos inimigos antes mesmo deles chegarem aos seus destinos originais. Portanto, o ideal seria encontrar formas de contragolpear tal ação.

Em fevereiro de 1935, o especialista em rádio Robert Watson-Watt e seu assistente Arnold Wilkins usaram um protótipo de transmissor de rádio para detectar com sucesso um bombardeiro FAR voando sobre a cidade de Daventry. A partir desse momento, o sistema foi batizado de "RADAR" e torres rastreadoras foram instaladas pelo Reino Unido.

O conto da cenoura

(Fonte: Pixabay)(Fonte: Pixabay)

Porém, qual a ligação dessa história com a lenda das cenouras? A resposta é simples. Como as unidades de radar instaladas pelos britânicos eram extremamente grandes e operavam em comprimentos de onda relativamente longos, elas eram praticamente inúteis para derrubar aeronaves à noite.

Por isso, a Universidade de Birmingham desenvolveu um dispositivo, em 1940, com as mesmas propriedades, mas de tamanho compacto e que podia ser implantado nas aeronaves da FAR. Isso concedia grande vantagem aos pilotos britânicos, os quais poderiam interceptar os ataques nazistas. 

Para manter todo esse sistema em segredo, o Ministério da Informação britânico lançou uma campanha de desinformação atribuindo o sucesso de pilotos à sua visão superior. Segundo a propaganda difundida pelo país e pelo mundo, essa vantagem foi adquirida através do consumo excessivo de cenouras.

Vida saudável e vitória na batalha

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Por mais prático que fosse, a campanha publicitária estabelecida pelo governo britânico não tinha como foco apenas enganar os alemães. Esta campanha foi parte de um esforço maior para mudar os hábitos alimentares da população. Com a iminência da Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido teve que racionar alimentos e a cenoura era um dos vegetais de mais fácil plantio na região.

Altamente nutritivas, as cenouras surgiam como uma excelente fonte de alimento para os habitantes do país enquanto o conflito armado permanecesse vivo e também poderiam ser utilizadas como fonte de açúcar na ausência de uma versão verdadeira. Em alguns estabelecimentos, cenouras no palito eram vendidas para as crianças no lugar de pirulitos.

Posteriormente, o consumo excessivo de cenouras por parte dos britânicos passou a despertar interesse de outros países das Forças Aliadas, como foi o caso dos Estados Unidos. Desde então, a história de que o legume ajudaria no combate aos nazistas e melhorava consideravelmente a visão noturna foi passada para frente e acabou se difundindo por outras gerações que nem sequer vivenciaram a Segunda Guerra Mundial. 

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