Ciência
18/08/2021 às 09:28•2 min de leitura
Apesar de ser um equipamento essencial para o resfriamento e a conservação de produtos alimentícios, a geladeira é um eletrodoméstico que integra a "lista do mal" da sustentabilidade, configurando como um dos maiores contribuintes para o aquecimento global e, consequentemente, para os desastres naturais. Você sabe de que forma isso ocorre?
Ao lado do plástico e de itens de refrigeração em geral, a geladeira é considerada extremamente poluente, colaborando com cerca de 10% das emissões globais de dióxido de carbono, quantidade aproximadamente três vezes maior do que a produzida pela aviação e navegação juntas. Essa substância, incluída na lista de gases de efeito estufa juntamente com o óxido nitroso e metano, retém o calor e eleva a temperatura média da superfície terrestre, porém se diferencia das demais por permanecer mais tempo na atmosfera.
(Fonte: Climate Institute / Reprodução)
Desde o período pré-industrial, a temperatura da Terra já aumentou 1 °C, e projeções indicam que até 2050, caso permaneçam os níveis de emissão, teremos um aquecimento de 1,5 °C a 3 °C, com possibilidades de chegar a números entre 4 °C e 8 °C até o início do século XXII.
Esses indicadores seriam extremamente superiores aos estipulados pelo Acordo de Paris e sugerem um alerta para a continuidade das tragédias globais, como incêndios, furacões, redução das safras de milho e de trigo na Europa, diminuição das áreas cultiváveis na África, secas extremas na China, crise alimentar, derretimento da calota polar e enchentes.
Por conta de permanecerem ligados por tempos indeterminados, os aparelhos refrigeradores consomem uma grande quantidade de energia. Porém, sua propriedade que mais deve chamar a atenção é o potencial de absorção, já que eles conseguem reter instantaneamente o calor do ambiente por meio de produtos químicos normalmente utilizados em espumas de isolamento térmico e como propulsores em latas de spray e aerossol, com casos mais antigos relacionados a clorofluorcarbonetos (CFCs).
Mesmo com determinações do Protocolo de Montreal, de 1987, que estabeleceu o fim da fabricação de equipamentos baseados em produtos poluentes, a indústria de eletrodomésticos logo foi atrás de alternativas e os substituiu por hidrofluorcarbonetos (HFCs) e hidroclorofluorcarbonetos (HCFCs). Essas substâncias, utilizadas para diversos fins, têm a capacidade de aquecer a atmosfera até 13.850 vezes a mais do que o CO2 e contribuem prontamente para o efeito estufa, absorvendo a radiação infravermelha.
As novas discussões sugerem que o aumento do calor global se deu pela maior demanda de equipamentos refrigeradores, em especial na pandemia da covid-19. Porém, cientistas do Greenpeace afirmam os riscos de produzir uma substância que permanece na atmosfera por até 29 anos e reforçam a necessidade urgente e progressiva de eliminá-la.