Estilo de vida
19/10/2021 às 02:00•2 min de leitura
De acordo com uma matéria do The Washington Post, em 2020 a Sibéria atingiu altas temperaturas, ultrapassando os 37 °C, fazendo o pergelissolo começar a derreter. Nos últimos tempos, a província está esquentando duas vezes mais rápido do que quase qualquer outro lugar do planeta, levando, consequentemente, aos incêndios florestais — devido à temperatura alta e o ressecamento do solo.
Esses focos de chamas costumavam ser apagados quando a neve caía, mas eles continuam “vivos” mesmo quando deveriam estar “mortos”, queimando no pergelissolo sob a neve, alimentando-se da matéria orgânica. Foi assim que eles ganharam o nome de “incêndios zumbis”.
Em entrevista ao Atlas Obscura, o engenheiro do Imperial College London, Guilermo Rein, disse que as chamas desses “incêndios zumbis” são muito difíceis de suprimir devido ao nível de combustão proporcionado pela turfa.
(Fonte: Esquire Middle East/Reprodução)
No entanto, os incêndios zumbis já não fazem parte apenas da realidade da Sibéria. Nas partes mais frias do globo, o pergelissolo exposto também está suscetível ao fenômeno natural. Em abril do ano passado, um foco de incêndio foi encontrado no Alasca pelas autoridades.
“O Ártico está derretendo. Grandes áreas estão queimando diante de nossos olhos”, alertou Rod Downie, assessor chefe do WWF Polar, em entrevista à BBC.
Cada vez que um “incêndio zumbi” começa em alguma parte do planeta, os gases que liberam contribuem para o aquecimento global quando liberados no ar através da queima. Isso acontece porque eles estão repletos de matéria orgânica de plantas e animais em decomposição e, tanto a turfa quanto o pergelissolo, têm vastas reservas de dióxido de carbono, metano e outros gases.
“As evidências sugerem que 5 a 15% do vasto reservatório de carbono do solo armazenado nos ecossistemas do pergelissolo do norte podem ser emitidos como gases de efeito estufa em 2100, considerando o atual caminho do aquecimento global”, aponta um estudo da Nature Geoscience.
(Fonte: Reddit/Reprodução)
Além disso, os incêndios florestais em todo o Ártico durante o verão do ano passado liberaram quase 33% a mais de dióxido de carbono na atmosfera do que em 2019, que já havia atingido níveis recorde.
Se os “incêndios zumbis” persistirem durante todo o inverno, quando a neve derrete novamente na primavera, eles podem reacender e se transformar em um incêndio florestal de novo. E, quanto mais o solo queima, mais gases são liberados, criando um ciclo interminável de contribuição para o aquecimento global.
Os esforços dos cientistas para “matar” esses incêndios são imensos no momento. Eles tentam usar uma mistura de água e supressores de fogo para pulverizar no solo fumegante. O composto é um pouco parecido com sabão, ajudando a reduzir a tensão superficial da água e permitindo que ela penetre melhor no solo.
Os estudos ainda estavam na fase inicial, mas a esperança de sua eficácia é grande. Enquanto isso, o planeta segue “derretendo” a olhos nus, e uma fatia substancial de sua população negando essa realidade — e provável futuro catastrófico.