Ciência
10/11/2021 às 12:00•2 min de leitura
Criado originalmente pelo ativista norte-americano Mike Tidwell em 2010, o termo "climatariano" vem sendo frequentemente utilizado e ganhando adeptos no planeta, à medida que as pessoas buscam adaptar suas dietas alimentares como meios de manter a saúde em dia e reduzir os impactos ao meio ambiente de forma consciente.
Segundo o verbete incluso no Dicionário Cambridge, o climatariano "é aquele que ajuda a salvar o planeta com suas escolhas alimentares", aproveitando ofertas sazonais de frutas e verduras com produtores próximos, evitando carne processada e se afastando totalmente do uso de embalagens plásticas. Essa aliança entre hábitos de dietas saudáveis e práticas sustentáveis resulta em um estilo de vida que se remete a esforço, dedicação e separação de um tempo para si, já que há a necessidade de ter contato e de conhecer as origens do que entra em suas casas.
“Não queremos dizer às pessoas o que comer, mas seria realmente benéfico, tanto para o clima quanto para a saúde humana, se as pessoas em muitos países ricos consumissem menos carne e se a política criasse incentivos apropriados para esse efeito", disse o ecologista Hans-Otto Pörtner, também copresidente do grupo de trabalho do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
(Fonte: Grist / Reprodução)
Os climatarianos podem divergir de vegetarianos em vários aspectos, já que há grupos que se alimentam de carne de frango e cordeiro 1 vez na semana. Porém, grande parte de suas dietas — algumas com exclusividade — consiste na ingestão de frutas da estação, legumes da safra e verduras secas por terem menor concentração de carbono, além de se afastarem de marcas que contribuem para danos ao ambiente, como aquelas exploradoras de petróleo, emissores de gases de efeito estufa, companhias que abusam de água nos processos produtivos e outros.
A ideia por trás da rotina alimentar de um climatariano pode ser rigorosa, mas é repleta de fundamentos, principalmente por essas pessoas serem levadas ao estudo e ao conhecimento dos processos produtivos, logística dos alimentos e todas as outras etapas que fazem os itens saírem da colheita para o lar. No caso, não é simplesmente abolir refeições por acreditar ser um ato mais saudável, mas é entender de que forma a existência de uma comida pode contribuir para os impactos ambientais.
“Climatarianos e veganos não são sinônimos porque consumir somente frutas, legumes e verduras não garante o respeito ao meio ambiente se cada gomo de tangerina que se come estiver envolto em plástico, pois a degradação desses resíduos também contribui para as mudanças climáticas”, enfatiza a cineasta galega Xiana do Teixeiro.
(Fonte: The Spoon / Reprodução)
Dessa forma, os climatarianos "lideram" o combate em especial ao modelo de negócio da carne vermelha, visto que ele é um dos principais incentivadores do desmatamento e é responsável por impulsionar queimadas para a criação de gado, com a pecuária contribuindo com até 14,5% dos gases de efeito estufa.
"A questão-chave está no consumismo. Será que realmente precisamos de um abacate que venha do Peru ou de uma manga do Brasil? É necessário beber um suco de laranja quando não há laranjas no verão? Por que não são substituídas por morangos, uvas ou tomates, que são da época e também têm vitamina C?”, questionou a professora sueca Julia Wärnberg, da Universidade de Málaga.