Como o maior organismo vivo do mundo está morrendo lentamente?

26/12/2021 às 13:002 min de leitura

Se algum dia você for visitar a Floresta Nacional de Fishlake, em Utah (EUA), pode até parecer que está andando por um enorme bosque de álamos-trêmulos. Porém, abaixo de seus pés, todas aquelas milhares de árvores estão conectadas, formando um único organismo.

Tecnicamente falando, toda a floresta é um clone gigante. Batizado de Pando, que significa "eu me espalho" em latim, trata-se de um organismo geneticamente masculino composto com milhares de árvores, sendo que todas surgiram a partir de um único álamo-trêmulo.

Imagem aérea do Pando. (Fonte: Lance Oditt/Friends of Pando/ Science Alert/ Reprodução)Imagem aérea do Pando. (Fonte: Lance Oditt/Friends of Pando/ Science Alert/ Reprodução)

Pesquisadores que estudam o Pando acreditam que o complexo de árvores pode ter entre milhares e dezenas de milhares de anos. Os estudos mais recentes apontam para algo em torno de 14 mil anos, mas outros já sugeriram mais de 80 mil anos.

Embora sejam um dos maiores organismos vivos do planeta e existam há tanto tempo, os clones de álamos estão diminuindo na floresta. Os culpados? Há alguns, como os veados e os gados famintos, mas o principal dele com certeza é o ser humano.

Problema complicado

O complexo de 47 mil árvores compartilha um único sistema de raízes e, por isso, cada árvore é um clone geneticamente idêntico a outra. Em outras palavras, é "uma floresta de uma árvore só".

O veado-mula e outros herbívoros há décadas começaram a ser um problema para o Pando. Claro, parte disso por ação humana, que eliminou os predadores naturais desses animais da região de Fremont River Ranger da Fishlake National Forest.

(Fonte: Lance Oditt/Friends of Pando/ Science Alert/ Reprodução)(Fonte: Lance Oditt/Friends of Pando/ Science Alert/ Reprodução)

Como não há lobos na área, as populações de veados explodem. Para piorar, aqueles que passam pela região se acomodam, isto é, em vez de seguirem o caminho rapidamente, demoram e terminam mastigando os brotos ricos em nutriente do álamo-trêmulo. Para esses herbívoros, a floresta acaba sendo um "restaurante" perfeito, afinal, há muito alimento e nenhum predador.

Ainda há outro problema: boa parte da renda das agências estaduais de vida selvagem vem da emissão de licenças de caça. Isso significa que essas organizações se preocupam mais em manter a população de veados alta, para que os caçadores sempre tenham algo para levar para casa, do que com a preservação do Pando. O gado levado para a região durante algumas semanas do ano também faz parte do problema, já que os animais comem e esmagam os brotos.

Todos esses fatores impedem que o Pando possa se manter vivo, ou seja, ele está sumindo aos poucos, já que para cada árvore velha morta não há outro broto se desenvolvendo. Existem algumas iniciativas que estão sendo aplicadas para tentar lidar com a situação, como colocar cercas em volta dos brotos e abater os veados mais vorazes do lugar. No entanto, "as coisas ainda estão no vermelho".

O Pando já sobreviveu a colonização, doenças e incêndios. (Fonte: (Lance Oditt/Friends of Pando/Science Alert/Reprodução)O Pando já sobreviveu à colonização, a doenças e a incêndios. (Fonte: (Lance Oditt/Friends of Pando/Science Alert/Reprodução)

As belas paisagens criadas pelos álamos-trêmulos retêm enormes quantidades de água, um recurso fundamental para o oeste seco dos Estados Unidos. Sendo assim, o ser humano também sofrerá as consequências com a morte do Pando; além disso, as milhares de árvores ainda dão suporte para um grande conjunto de animais e plantas.

No século XIX, com a chegada dos colonos europeus na região, o Pando teve que lidar com pastagens, incêndios, doenças e rápidas mudanças ambientais. Sobreviveu àquele período e quem sabe também sobreviva ao cenário observado nas últimas décadas devido à sua resiliência milenar.

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