Estilo de vida
22/03/2022 às 04:00•2 min de leitura
Cientistas australianos do Laboratório de Pesquisa em Restauração Genômica Integrada de Tilacino estão confiantes na possibilidade de trazer o lobo-da-tasmânia, animal já extinto, de volta à vida. Para alcançar esse objetivo, os pesquisadores usarão sequenciamento genético, tecnologia aperfeiçoada em seus laboratórios graças à generosidade de doações que somaram mais de US$ 3,6 milhões.
Ainda que essa história possa lembrar o filme Jurassic Park, em que cientistas criam um grave problema ao ressuscitarem espécies já extintas, a volta do lobo-da-tasmânia — também conhecido em algumas línguas como tigre-da-tasmânia — é vista com entusiasmo, pois ela pode ajudar a corrigir erros graves que a colonização causou no ecossistema de regiões da Oceania, como a Tasmânia.
Último exemplar conhecido de um lobo-da-tasmânia. (Fonte: Domínio Público)
Benjamin foi o último lobo-da-tasmânia conhecido. Ele vivia em um zoológico australiano e morreu no ano de 1936. A extinção desse animal foi provocada pela caça. Naquela época, fazendeiros acreditavam que esse bicho tinha potencial para ser um predador de rebanhos, principalmente de ovelhas. Assim, eles iniciaram uma guerra aos animais, que só terminou com o último deles morto.
Como diz o ditado popular, “as aparências enganam”. Estudos desenvolvidos por pesquisadores da Universidade de New South Wales, em Sydney, mostram que esses animais jamais tiveram potencial para ser um problema para os fazendeiros, já que tinham mandíbulas pequenas, incapazes de matar um animal de grande porte, como uma ovelha. Essa característica tornava a vida desses animais ainda mais difícil. Eles precisavam caçar vários bichos pequenos para conseguir uma dieta adequada.
Para tentar trazer esse animal de volta à vida, os pesquisadores precisaram ter acesso a uma célula viva de um animal parecido com o lobo-da-tasmânia, nesse caso, um dunnart, um tipo de marsupial roedor. Depois, altera-se essa célula para que ela se torne uma célula de lobo-da-tasmânia, clonando-a na sequência.
Se bem-sucedido, esse processo pode gerar um embrião que será implantado em outro animal que servirá como "barriga de aluguel". Esse processo, segundo os cientistas, poderá gerar indivíduos saudáveis, capazes de viver na natureza. Os pesquisadores acreditam que os primeiros exemplares desses animais andarão livremente em 10 anos.
Demônio-da-tasmânia. (Fonte: Shutterstock)
Todo esse esforço não está sendo feito porque os cientistas acham os lobos-da-tasmânia fofos. O que acontece é que sem esses predadores, houve uma desordem no ecossistema que tem gerado problemas para várias espécies, como o diabo-da-tasmânia.
Vários diabos-da-tasmânia têm apresentado tumores. Isso ocorre porque sem seus predadores, mais indivíduos doentes conseguem se reproduzir, aumentando o número de animais predispostos a terem essa doença. O problema está levando esse animal à extinção — e esse é apenas um dos exemplos das desordens causada por esse desequilíbrio no ambiente onde vivem.