Artes/cultura
12/04/2022 às 06:44•2 min de leitura
De acordo com Michael Schmitt, professor de Direito Internacional Público e especialista em guerra espacial — isso mesmo! — da Universidade de Exeter, no Reino Unido, é absolutamente inevitável que aconteça uma guerra espacial.
Desde 1999 as pessoas lotam salas de cinema para assistir ao conflito intergaláctico retratado na saga Star Wars enquanto há séculos a humanidade testemunha guerras terrenas. Mas já existe a ideia de que tudo o que foi retratado nas telas de Hollywood, nas páginas de livros ou HQs há muito deixou de ser apenas fruto da adorada ficção científica deve se tornar uma realidade iminente — ainda que futura.
Na década de 1960, o homem travou uma batalha intensa pelo poderio do espaço durante a Corrida Espacial, depois disso os Estados Unidos exploraram meios de destruição usando o espaço, como por meio de suas "Varas de Deus". Quando outras potências começaram a fazer o mesmo, o Tratado do Espaço Sideral surgiu como uma maneira de atenuar a proporção do sentimento bélico crescente entre os governos. Portanto, uma guerra fora da Terra é só uma questão de tempo.
(Fonte: Space News/Reprodução)
Na matéria da BBC, o analista militar Peter Singer, da New America Foundation, disse que se acontecer uma guerra espacial, provavelmente será focada em coisas que importam muito para a vida na Terra e para os governos, como os satélites.
Isso porque, atualmente, um soldado de guerra espacial da linha de frente não seria algum tipo de astronauta fuzileiro, mas sim um hacker administrado pelo Estado tentando desligar, confundir ou invadir os satélites de um governo inimigo.
Então, provavelmente, esqueça as naves espaciais atacando umas às outras. O conflito aconteceria por trás de um terminal de computador em uma sala muito bem protegida de algum órgão de inteligência.
(Fonte: Crediful/Reprodução)
Os satélites são componentes cada vez mais cruciais na maneira como o ser humano leva a sua vida, visto que ajudam a ver as horas, sacar dinheiro, usar o celular ou fazer qualquer tipo de operação governamental e militar, como o posicionamento estratégico de armas. Além disso, as forças armadas modernas usam satélites para tudo, desde expiação até enviar um soldado para o topo de uma montanha usando navegação remota.
Tendo isso em vista, fica claro que em qualquer guerra um lado tentará privar o outro de sua capacidade de funcionar. Atualmente, isso significa atacar os satélites. Um blecaute neles poderia transformar em realidade todo o caos imaginado durante um Evento Carrington em questão de minutos. Esses corpos artificiais formam o "sistema nervoso" militar nos EUA, usado em 80% das comunicações.
(Fonte: Geospatial World/Reprodução)
A leve tensão de uma guerra espacial surgiu ainda em 1983, quando o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, lançou sua Iniciativa de Defesa Estratégica, conhecida como "Guerra nas Estrelas", com intuito de desenvolver armas baseadas no espaço para se defender contra mísseis soviéticos.
Em seguida, a União Soviética começou a pensar em maneiras de atacar os satélites americanos em caso de guerra, com intuito de deixá-los no escuro em um piscar de olhos.
O mesmo medo que assomou Reagan ressurgiu, recentemente, em 2015, quando o general John Hyten, do Comando Espacial dos EUA, expressou seu alarme com os testes realizados pelos chineses. Em 2007, eles destruíram um de seus próprios satélites meteorológicos, o FY-1C, que estava a uma altitude de 865 km, usando um míssil lançado da Terra que viajou a 8 km/s.
Em 2013, a China voltou a lançar um míssil que chegou a cerca de 36 mil km acima da Terra, próximo da órbita geoestacionária, onde ficam os satélites projetados para proteger as comunicações, inclusive detectar qualquer ameaça de ataque nuclear.
“Temos que descobrir como defender esses satélites. E vamos fazer isso, rápido”, disse Hyten à CBS News, até então no que foi considerado a maior declaração de medo sobre a possibilidade de uma guerra espacial.