Artes/cultura
27/04/2022 às 09:00•2 min de leitura
Em 1985, o renomado físico Stephen Hawking perdeu a sua capacidade de fala após contrair pneumonia em uma viagem à Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN). Naquela época, a condição de saúde do gênio era crítica e ele precisou ser entubado no hospital para respirar.
Hawking chegou muito perto de morrer, mas teve a infecção contida ao ser levado ao Addenbrooke's Hospital, em Cambridge. Foi lá onde realizaram uma traqueostomia para ajudá-lo a respirar. Como resultado, Hawking perdeu irreversivelmente a capacidade de falar, porém sobreviveu e até hoje conta com a ajuda de um computador para conseguir se expressar. Mas como isso tudo funciona? Entenda!
(Fonte: Wikimedia Commons)
Nos primeiros meses de recuperação, Hawking utilizada um cartão de ortografia para se comunicar com outras pessoas. Com isso, bastava indicar as letras pacientemente em uma cartilha para formar palavras e depois frases. No entanto, Martin King, um físico que estava trabalhando com Hawking em um novo sistema de comunicação, entrou em ação.
King ligou para uma empresa com sede na Califórnia chamada Words Plus, cujo programa de computador Equalizer permitia ao usuário selecionar palavras e comandos em um computador usando um direcionador manual. Então, o amigo perguntou se o software poderia ser utilizado para ajudar um professor de física na Inglaterra com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e que passava por problemas.
O CEO da Words Plus, Walter Woltosz, respondeu que havia criado uma versão anterior do Equalizer para ajudar sua sogra, que também sofria de ELA e havia perdido a capacidade de falar e escrever, prontamente desejando ajudar. A primeira versão do programa rodava em um computador Apple II ligado a um sintetizador de voz feito por uma empresa chamada Speech Plus.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Com o novo sistema em suas mãos, Hawking tornou-se capaz de se comunicar usando 15 palavras por minuto, bastava usar um dos braços ligados a sua cadeira de rodas. Entretanto, o nervo que lhe permitia continuar usando os polegares continuou se degradando devido à ELA e, em 2008, o físico já não conseguia mais usar o direcionador para escolher as palavras.
Foi então que um dos assistentes do professor desenvolveu um recurso chamado "interruptor de bochecha", que detectava quando Hawking tensionava o músculo da bochecha para conseguir montar as frases. Desde então, o gênio passou a usar unicamente sua bochecha para escrever e-mails, livros e se comunicar com outras pessoas.
Em 2011, no entanto, a frequência de palavras havia diminuído para duas por minuto. Através de amigos, Hawking conseguiu ajuda de funcionários da Intel, que desenvolveram uma nova interface parecida com o sistema de digitação dos celulares modernos que prevê o que a pessoa está prestes a escrever. Demorou muito tempo para que apresentassem uma versão que agradasse o cientista, mas tudo acabou dando certo.
E, por mais que o processador usado por Hawking tenha mudado algumas vezes durante a sua trajetória, uma coisa permaneceu igual enquanto esteve vivo: sua voz. O físico sempre foi muito apegado ao som do sintetizador antigo da Speech Plus e nunca desejou trocá-lo por mais que novas versões surgissem.