Ciência
01/07/2022 às 09:00•2 min de leitura
Hoje, a região onde estão localizados os Alpes Suíços parece o lugar mais improvável para encontrar vestígios de vida marinha. Porém, foi lá que paleontólogos encontraram fósseis de répteis com o tamanho próximo de algumas das maiores baleias que nós conhecemos.
Os ictiossauros foram um grupo de répteis marinhos que tiveram origem no início do Triássico Inferior, há cerca de 250 milhões de anos. Eles dominaram os oceanos por um longo período, até serem extintos durante o Cretáceo Superior (há cerca de 90 milhões de anos), pouco antes da extinção dos dinossauros.
Abaixo nós contamos um pouco mais sobre esses gigantes dos mares.
Esqueleto de um ictiossauro no Museu de História Natural de Londres.
Os ictiossauros recém-descobertos nos Alpes Suíços se juntam a outros membros do grupo com tamanhos colossais. Sítios fósseis em Nevada, Colúmbia Britânica e Inglaterra também escondem restos desses gigantes, que podem atingir o tamanho de uma baleia azul. Podendo atingir 30 metros (o mesmo tamanho de um Boeing 737), essas novas descobertas nos ajudam a entender o processo de evolução, pois quando surgiram, os primeiros ictiossauros tinham cerca de 1,80 m de comprimento.
Ainda não se sabe ao certo porque eles tiveram um sucesso evolutivo tão grande para crescer tanto. Uma das explicações mais prováveis é que naquela época, os oceanos não eram habitados por criaturas tão grandes — o mosassauro só surgiu no final do cretáceo, há cerca de 70 milhões de anos, enquanto que o megalodonte é mais recente ainda, tendo surgido há aproximadamente 23, durante o mioceno inferior.
“Antes do aparecimento dos ictiossauros gigantes, os principais predadores dos mares eram grandes peixes e invertebrados”, observa o paleontólogo Dean Lomax, da Universidade de Manchester. “Os ictiossauros mudaram o jogo”.
Crânio de um ictiossauro.
Outra explicação para o crescimento dos ictiossauros tem a ver com uma questão evolutiva. Susana Gutarra Díaz, paleontóloga do Museu de História Natural de Londres, estudou a relação entre o tamanho do corpo, o arrasto ao se mover pela água e a energia necessária para nadar. O que ela e sua equipe descobriram é que corpos maiores oferecem uma vantagem significativa na água e isso favoreceu o crescimento dos ictiossauros.
De maneira resumida, o estudo comparou o volume interno com a área de superfície dos animais. O resultado observado foi que um ictiossauro de 15 metros de comprimento teria um volume interno maior do que um ictiossauro de 3 metros, na comparação com as áreas da superfície. Com isso, eles teriam uma facilidade maior para se deslocar na água, não precisando fazer tanto esforço e conseguindo atingir um tamanho muito maior, mesmo que com um corpo menos hidrodinâmico.