Ciência
24/07/2022 às 06:00•2 min de leitura
Na teoria, tudo é muito simples. Os cromossomos sexuais geralmente determinam quem é homem e quem é mulher. Quem apresenta cromossomos XX são as mulheres, enquanto os homens são gerados através dos cromossomos XY. Na realidade, porém, tudo pode ser mais difícil de se explicar.
Geneticamente falando, muitas mulheres são, na verdade, homens. E o que isso quer dizer? De acordo com um novo estudo feito por pesquisadores dinamarqueses, muitas mulheres crescem com um corpo feminino, mas acabam descobrindo durante a puberdade que possuem mais similaridades genéticas com os homens — numa proporção muito maior do que a esperada. Entenda o estudo nos próximos parágrafos!
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(Fonte: Unsplash)
Segundo a pesquisa feita pela Universidade de Aarhus, 1 a cada 15 mil homens nasce e cresce como se fosse uma menina. A fisionomia é tão padronizada que você não encontraria uma diferença se não soubesse o que está procurando. Além do mais, nem essas meninas e nem seus pais têm ideia do que está acontecendo.
Em tese, meninas nascidas com os cromossomos XY são geneticamente meninos, mas por inúmeras razões — principalmente mutações nos genes que determinam o desenvolvimento sexual — as características masculinas nunca são expressas. Logo, elas vivem suas vida como uma mulher qualquer, inclusive com algumas delas podendo dar à luz.
Em declaração oficial, o líder do estudo, Claus Højbjerg Gravholt, explicou que essa é a primeira pesquisa nacional a abordar esse tema no mundo. "Esse grupo de pessoas é 50% maior do que acreditávamos anteriormente. A forma como essas meninas descobrem os fatos e falam abertamente sobre sua situação também varia muito”, desenvolveu.
(Fonte: Pixabay)
Como próxima etapa, Gravholt e seus colegas almejam entender como pessoas com os cromossomos XY podem se tornar mulheres e porque essas anormalidades acontecem. Até então, os dois maiores culpados parecem ser a síndrome de Morris e síndrome de Swyer.
A síndrome de Morris é uma síndrome de insensibilidade androgênica. Isso quer dizer que essas pessoas têm níveis extremamente altos de testosterona e outros hormônios masculinos, mas que não afetam as células fetais que geralmente desenvolvem o órgão sexual masculino. Logo, essas pessoas têm os cromossomos masculinos, mas são mulheres socialmente e na aparência externa.
Normalmente, a maioria das meninas com síndrome de insensibilidade androgênica descobre na puberdade que elas diferem de outras meninas. Nessa fase da vida, elas aprendem que nunca poderão dar à luz, por exemplo. O diagnóstico costuma acontecer entre os 7 e 8 anos, mas existem mulheres que são diagnosticadas tardiamente.
Esse atraso é um problema que afeta a vida de muitas pessoas, uma vez que descobrir que você é do sexo oposto após ter vivido uma vida inteira de outra forma pode causar um verdadeiro choque de identidade. Com essa nova descoberta, os pesquisadores esperam estar mais preparados para lidar com esse tipo de caso nos próximos anos.