Clitóris possui mais de 10 mil terminações nervosas, diz novo estudo

13/11/2022 às 06:002 min de leitura

Ao contrário do que foi defendido ao longo dos anos, o clitóris não é responsável apenas pelo prazer. Porém, por contar com milhares de fibras nervosas, essa é a função mais conhecida do órgão – mostrando como a ciência ainda desconhece a biologia do clitóris humano.

Para se ter uma ideia de como este órgão é pouco estudado, por muito tempo acreditou-se que o clitóris possuía cerca de 8.000 terminações nervosas. Porém, esse valor era uma extrapolação nada científica, visto que era baseado em um estudo do clitóris de vaca.

Para tentar compreender a real complexidade do órgão, Blair Peters, professor da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, decidiu fazer uma pesquisa focada totalmente no clitóris humano. O resultado totalizou duas mil terminações nervosas a mais do que se acreditava anteriormente.

Contando fibras nervosas

Imagem de um dos tecidos analisados. (Fonte: OHSU)Imagem de um dos tecidos analisados. (Fonte: OHSU)

O clitóris humano possui uma região com milhares de fibras nervosas, que enviam ao cérebro a sensação de prazer quando ele é estimulado. Em sua pesquisa, Peters e seus colegas examinaram os dois nervos dorsais do clitóris. Esses nervos percorrem os dois lados do órgão e transmitem informações sobre toque, pressão e dor, enquanto outros nervos lidam com funções como tônus muscular e fluxo sanguíneo.

O estudo foi realizado com sete pacientes trans masculinos, que se submeteram a faloplastias — ou a construção cirúrgica de um pênis a partir de outros tecidos do corpo — e se ofereceram para doar amostras de seu tecido clitoriano. Os tecidos doados foram preservados, corados de azul e ampliados 1.000 vezes sob um microscópio para que um software de análise de imagem pudesse contar as fibras nervosas individuais.

Segundo o estudo, os nervos dorsais amostrados continham uma média de 5.140 fibras. Como cada clitóris possui dois nervos dorsais, isso se traduz em cerca de 10.280 fibras nervosas que resultam nas diferentes sensações no órgão, incluindo o prazer. O resultado ainda precisa passar por uma avaliação de pares, antes de poder ser considerado válido academicamente.

O que mais chamou a atenção de Peters e sua equipe, foi que todas essas 10.000 terminações nervosas se conectam à glande do clitóris — a parte visível do órgão. Isso é curioso, pois se trata de uma região muito pequena para tantas fibras.

Próximos estudos

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Peters trabalha como cirurgião plástico e reconstrutivo especializado em cirurgias de afirmação de gênero. Todos os sete pacientes que participaram da pesquisa foram submetidos à terapia com testosterona antes da faloplastia. Existem algumas evidências de que a testosterona pode aumentar a regeneração do nervo no contexto de uma lesão. Embora isso não deva alterar o resultado para nervos normais e saudáveis, Peters sabe que será necessário repetir o estudo com amostras de tecido de mulheres cisgênero que não passaram por tratamento com testosterona.

A nova pesquisa destaca o quão pouco se sabe sobre a anatomia e função do clitóris. Isso reflete vieses históricos na pesquisa médica que deixaram os médicos modernos com enormes lacunas de conhecimento. Além disso, mostra como a saúde da mulher ainda é pouco conhecida pela ciência.

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