Estilo de vida
17/11/2022 às 08:00•2 min de leitura
A baunilha tem um dos sabores mais conhecidos do mundo. Ela está presente em diversos alimentos e por ter se tornado tão popular, acabou se tornando um sinônimo para algo comum. E isso não poderia estar mais distante da sua origem.
A baunilha vem de uma planta (Vanilla planifolia) nativa das florestas montanhosas do México. Por muitos anos, os indígenas Totonacs eram, provavelmente, os únicos humanos a conhecê-la. Eles a chamam de caxixanto, que significa “flor escondida”.
Esse nome faz referência à flor da baunilha, que desabrocha durante um único dia do ano. Depois que os espanhóis conquistaram os povos originários do México e descobriram essa planta de sabor e aroma únicos, eles decidiram levá-la até a Europa.
Em pouco tempo, a baunilha se tornou um aditivo popular nos doces da elite. Os europeus gostaram tanto do sabor, que sua demanda cresceu rapidamente. O problema é que na Europa a baunilha não possuía polinizadores naturais, o que fez com que ela não conseguisse se reproduzir e, consequentemente, dar frutos.
Edmond Albius. (Fonte: Wikimedia Commons)
Até 1841, a baunilha cultivada fora do México era usada principalmente como um ornamento nos jardins e estufas dos ricos. Quem possibilitou a mudança foi Edmond Albius, um negro que nasceu escravizado e foi acolhido por um nobre e ainda criança passou a estudar botânica.
Albius decidiu adaptar à planta de baunilha, um método de polinização manual usado em melancias. O resultado foi tão bem-sucedido, que a técnica de polinização manual de Albius é usada até hoje. E foi com ela que a baunilha passou a ser produzida em outros países do mundo (apesar disso, Albius acabou morrendo em quase total anonimato, sem nunca ter recebido o mérito pela descoberta).
Mas foi apenas em 1874 que a baunilha passou a ser produzida em larga escala. Mesmo com a técnica de polinização manual de Albius, a Vanilla planifolia é muito difícil de ser produzida. A solução definitiva para esse problema veio com o desenvolvimento da baunilha sintética de outras fontes — a polpa de madeira e, mais recentemente, produtos petroquímicos.
Flor da baunilha. (Fonte: Wikimedia Commons)
A produção sintética da baunilha foi responsável por criar novas possibilidades para o seu uso. Ela também permitiu que mais pessoas tivessem acesso a ela, incluindo a população mais pobre da Europa.
Até hoje a maioria da baunilha consumida é sintética — e a maior parte dela é derivada de produtos petroquímicos. Conforme ela se tornou mais popular — e cada vez mais presente em diferentes alimentos —, o que antes dependia de uma fruta difícil de polinizar, se tornou algo comum.
O termo baunilha surgiu no final do século XIX, e no início do século XX já era bastante usado em receitas. Nas décadas seguintes, a baunilha se tornou sinônimo de coisas simples, devido ao seu uso recorrente. E assim, o que por muito tempo era raro e precioso, virou um sinônimo para lugar-comum.