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25/11/2022 às 08:00•2 min de leitura
Um dos motivos pelos quais o homem nunca mais voltou à Lua, por exemplo, é o investimento bilionário que se tornará lixo espacial assim que deixar a atmosfera da Terra. Com exceção da cápsula Orion, o novo foguete da NASA é um sistema descartável de uso único, com o Programa Artemis custando US$ 93 bilhões para um único lançamento. Isso justifica o tanto de pressão social e política para que o governo dos Estados Unidos encerrasse a Corrida Espacial.
É, no mínimo, curioso como tantas horas de trabalho, pesquisa, viagens internacionais e bilhões de dólares investidos em maquinário avançado acabam sem valor nenhum no fundo do oceano.
Pensando em tirar algum lucro disso, caçadores de tesouro venderam por muito dinheiro pedaços do Skylab, a primeira estação espacial americana, lançada oficialmente em 14 de maio de 1973, no apogeu da exploração espacial.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
O Skylab foi projetado com o intuito de abrigar 9 astronautas, que viveriam nele e realizariam suas pesquisas suspensos a milhares de quilômetros acima da Terra. Para operar a estação, era necessário centenas de engenheiros, cientistas e técnicos apenas para analisar os dados recebidos a cada instante.
Nem com um maquinário tão complexo e considerado revolucionário para sua época, o Skylab conseguiu durar. Afinal, a estação foi projetada para subir, não para descer, e o decair de sua órbita levou ao inevitável. Em 11 de julho de 1979, com suas 77 toneladas, o Skylab caiu do espaço e se desintegrou, chovendo sobre a Terra US$ 2,2 bilhões em formato de sucata flamejante em regiões remotas do Oceano Índico e da Austrália Ocidental.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
No dia em que isso aconteceu, milhões de pessoas entraram em pânico, temendo por suas vidas, visto que a NASA não sabia onde os destroços iam parar, apesar dos cálculos sofisticados da época. Os engenheiros até tentaram apontar o Skylab para que se desintegrasse sobre o oceano ao sul da Cidade do Cabo, na África do Sul, mas não tiveram muito sucesso. E enquanto uns se refugiavam em bunkers, outros faziam competições e apostas sobre onde os destroços da estação aterrissariam.
Por sorte, o que sobrou do empreendimento caiu em áreas pouco povoadas da Austrália. Foi nesse momento que caçadores de tesouro começaram a tentar fazer lucro com a desgraça e a vergonha bilionária que foi o Skylab, inflamados, na maioria, pela mídia da época.
O San Francis Examiner chegou a oferecer uma recompensa de US$ 10 mil para quem trouxesse um pedaço do Skylab até três dias após o acidente. O jovem Stan Thornton, de Esperance, na Austrália, foi o felizardo da vez, cuja casa foi atingida por alguns pedaços da estação americana.
(Fonte: Omega Forums/Reprodução)
O movimento do jornal catapultou o interesse pelos restos do Skylab, ainda que nenhum outro local estivesse oferecendo uma recompensa por isso. As pessoas simplesmente imaginavam que em algum dia as partes fossem ser valiosas, por isso disputaram espaço com aspirantes a colecionadores e caçadores de tesouros para coletarem esses pedaços, vendendo-os a quem podia ou mantendo como itens de exibição pessoal.
Muito embora o governo dos EUA fosse, tecnicamente, o proprietário dos destroços, optou por não exercer seu direito de reclamá-los sob tratados internacionais, até para não atrair mais publicidade para aquela catástrofe vergonhosa.
(Fonte: Wired/Reprodução)
Alguns itens acabaram chegando aos museus norte-americanos, mas sua maioria permaneceu em instituições locais nos confins do sudoeste da Austrália. O museu Balladonia é um deles e abriga um par de grandes peças de metal do orbitador da estação espacial, um deles, inclusive, com a inscrição SKYLAB em letras vermelhas. Em 1990, um fazendeiro de Esperance desenterrou um pedaço do tanque de oxigênio do Skylab, hoje em um museu local da cidade.
Os detritos da estação já foram vendidos em leilões por até US$ 55 mil, adquiridos como recordação por pessoas comuns, em casas de leilões especializadas nesse tipo de peça, como a Regency-Superior.
A trajetória do Skylab na história da exploração espacial americana permanece como um capítulo estranho e que poucos, principalmente a NASA, gostam de lembrar.