Saúde/bem-estar
23/01/2023 às 04:00•2 min de leitura
Em um estudo realizado na Universidade de Rockefeller, nos Estados Unidos, cientistas conseguiram desenvolver formigas transgênicas que brilham uma luz verde para mostrar o processo olfativo dos insetos. Dessa forma, eles descobriram novas terminações nervosas, chamadas de glomérulos, que respondem a sinais de perigo.
Até então, pesquisas anteriores buscavam identificar os feromônios liberados pelas formigas ou analisar o comportamento delas em relação as feromônios. A nova pesquisa busca responder uma outra questão importante: que as formigas realmente têm um tipo de sistema olfativo para "cheirar" os feromônios.
Em um pré-print (artigo ainda não revisado por pares) publicado na bioRxiv, os cientistas apontam que algumas formigas se locomovem e entendem o mundo por meio do olfato — especificamente as formigas invasoras clonais (Ooceraea biroi). Ou seja, o comportamento social desses insetos é regulado pela liberação dos feromônios.
Ao usar uma proteína fluorescente verde mesclada em uma molécula que apresenta a atividade de cálcio no cérebro, os cientistas criaram 13 formigas invasoras clonais transgênicas que emitem um brilho verde. Ao expor os insetos a quatro feromônios de perigo, foram ativados menos de seis glomérulos no cérebro das formigas — os pesquisadores esperavam que fossem ativados 100 glomérulos.
A foto apresenta uma pupa de formiga comum e uma pupa transgênica (direita); como são assexuadas e não têm rainhas, os cientistas explicam que podem fazer qualquer tipo de inserção transgênica nos ovos dessas formigas.
Um dos glomérulos ativos foi identificado como "glomérulo do pânico", pois as formigas entraram em comportamento de fuga ao sentir o cheiro do feromônio. Outro glomérulo fez com que as formigas fugissem do formigueiro sem suas larvas.
“As formigas são como pequenas fábricas químicas ambulantes. Como as formigas podem realmente cheirar os feromônios, só agora está se tornando um pouco mais claro. Esta é a primeira vez que, em um inseto social, um determinado glomérulo foi fortemente associado a um determinado comportamento”, disse o coautor do estudo e biólogo da Universidade Rockefeller, Daniel Kronauer.
Ao perceber o perigo no ambiente, a formiga liberará feromônios para alertar suas companheiras que estão próximas. Segundo Kronauer, em vez de ter um cérebro que faz processamento de linguagem visual, as formigas possuem um sistema olfativo expandido que as ajudam a sobreviver.