Artes/cultura
31/01/2023 às 08:59•3 min de leitura
A Bulletin of the Atomic Scientists (BAS) é uma organização independente e sim fins lucrativos fundada após a Segunda Guerra Mundial, motivada pelos bombardeios atômicos às cidades de Hiroshima e Nagasaki. Em 1947, desenvolveram o Relógio do Juízo Final, iniciativa voltada a ser um alerta à humanidade sobre os perigos de uma guerra nuclear.
Anualmente, seu conselho de Ciência e Segurança, do qual fazem parte 13 vencedores do Prêmio Nobel, disponibiliza um boletim em que aumentam, diminuem ou mantêm a distância do ponteiro de um relógio para a meia-noite, horário simbólico que representaria a extinção.
O relatório da BAS de 2023 mostrou que nunca estivemos tão próximos do apocalipse: faltam 90 segundos. Confira momentos em que o conselho da organização já alterou o horário para o Juízo Final.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Desde que o Relógio do Juízo Final foi criado, o ano de 1991 foi a data em que o horário esteve mais distante da meia-noite: 17 minutos. Havia uma enorme expectativa que a dissolução da União Soviética, a queda da Cortina de Ferro e o consequente fim da Guerra Fria colocariam o mundo em uma rota de paz.
Foi um impressionante acréscimo de 7 minutos em relação ao ano anterior, certamente impactados pela queda do Muro de Berlim e a assinatura de tratados visando diminuição do uso de armas de destruição em massa, especialmente por parte dos Estados Unidos e da recém-criada Federação da Rússia, cuja independência foi declarada um ano antes.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Até então, 1963 marcava a maior distância para o apocalipse registrada desde a criação do relógio. Foram 5 minutos a mais em relação aos três anos anteriores, motivados pelo aumento dos estudos acerca dos perigos que as armas nucleares representam.
O ano anterior também ficou marcado pela assinatura de Tratados de Proibição Parcial de Testes entre os Estados Unidos e a União Soviética, limitando a execução de testes nucleares. Foram cinco anos neste patamar, não modificado nem mesmo pelo assassinato de um dos signatários do tratado.
(Fonte: Wikimedia Commons)
1968 foi justamente o ano em que o Relógio do Juízo Final caiu para 7 minutos. Mesmo que a relação entre os Estados Unidos e a União Soviética apresentasse significativa melhora, a entrada norte-americana na Guerra do Vietnã colocou a BAS em alerta.
Para piorar, a França e a China, esta última ainda não sendo a grande potência global que é nos dias atuais, haviam iniciado projetos de desenvolvimento de arsenais nucleares, cooperando no aumento do risco para a extinção.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O atentado de 11 de setembro fez os Estados Unidos rejeitarem inúmeros tratados para o controle de armas. Naquele período, o presidente George W. Bush anunciou que o país se retirava formalmente do Tratado sobre Mísseis Antibalísticos, em vigência desde o ano de 1972.
O relógio, em trajetória de queda desde 1995, perdeu dois minutos, registrando a primeira queda do século XXI. Essa, inclusive, seria a primeira de outras sete reduções no horário feitas pela BAS.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Coreia do Norte e Irã eram, até a Rússia avançar sobre a Ucrânia, os grandes responsáveis por seguidas reduções na proximidade com a meia-noite. Em 2015, o Relógio do Juízo Final marcou 3 minutos, a primeira vez desde 1987.
Todavia, é importante salientar que Estados Unidos e Rússia também ligaram o alerta da organização responsável pela iniciativa. Após longo período, os dois países deram início à modernização de seus programas de armas nucleares. Por fim, a mudança climática também levou preocupação para os pesquisadores da BAS, ajudando a piorar o cenário.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Sob o comando do ex-presidente Donald Trump, os Estados Unidos levaram grande preocupação ao mundo. Em 2017, pela primeira vez em sua história, o Relógio do Juízo Final apresentou uma queda menor que um minuto: estávamos a 2 minutos e 30 segundos do apocalipse.
As seguidas declarações de Trump sobre a importância que os EUA expandissem seu arsenal nuclear colocaram os cientistas em alerta, que, naquele momento, deram um "voto de confiança", reduzindo apenas meio minuto, pois consideravam que seu governo ainda estava no início, e que ele poderia mudar, ou ser lavado a mudar, de ideia.