Saúde/bem-estar
03/02/2023 às 08:00•2 min de leitura
Para os antigos egípcios, o momento da morte representava muita coisa em termos culturais. Não à toa, era bastante comum que entes queridos falecidos fossem mumificados e enterrados junto de diversos bens preciosos — o que deveria protegê-los durante sua transição para a vida após a morte.
No entanto, um estudo recente publicado na Frontiers in Medicine chamou a atenção dos pesquisadores. Ao desembrulharem uma múmia de 2,3 mil anos, a pesquisa revelou que a múmia guardava consigo uma grande abundância de amuletos preciosos, incluindo alguns colocados dentro do seu corpo. Veja só mais sobre esse caso!
(Fonte: Universidade do Cairo/Divulgação)
Na visão dos cientistas, a descoberta dessa nova múmia fornece uma das melhores demonstrações das antigas crenças egípcias sobre a morte e o morrer que nós já conseguimos obter. No Antigo Egito, a morte era considera um momento de transição para outro mundo, onde o espírito se separava do corpo mumificado e prosseguia em direção a uma forma de vida perfeita do falecido.
Porém, segundo a visão religiosa daquela região, esse caminho era considerado árduo e cheio de julgamentos divinos, onde apenas os mais dignos poderiam seguir em frente. Por esse motivo, os vivos tentavam ajudar os falecidos durante essa transição decorando seus corpos com amuletos e talismãs de proteção.
Para entender mais sobre como essa prática de adorno funcionava, três pesquisadores da Universidade de Cairo decidiram explorar o corpo de uma múmia de 2,3 mil anos que estava no porão do Museu Egípcio do Cairo, intocada desde sua descoberta em 1916. Usando uma técnica de "desembrulho digital", os cientistas conseguiram ter uma visão aprofundada sobre a peça.
(Fonte: Universidade do Cairo/Divulgação)
O exame de imagem feito sobre a múmia revelou que essa pessoa foi enterrada com 49 amuletos, sendo que vários deles tinham formato de partes do corpo, como o coração e a língua. "Muitos desses amuletos eram feitos de ouro, enquanto alguns eram feitos de pedras semipreciosas, argila queimada ou faiança. Seu propósito era proteger o corpo e dar-lhe vitalidade na vida após a morte", declarou o autor do estudo, Sahar Saleem.
Graças à tomografia computadorizada, os pesquisadores conseguiram constatar que a múmia se tratava de um adolescente que faleceu aos 14 ou 15 anos — sem uma causa clara de morte além de causas naturais. A equipe de pesquisa ficou impressionada com o amuleto de língua dourada posicionado dentro da boca e o amuleto em forma de coração posicionado dentro do peito do cadáver.
Na visão dos estudiosos, a língua de ouro permitiria que o rapaz falasse na vida após a morte, enquanto o coração dourado seria usado para silenciar seu coração real, permitindo-lhe descansar em paz. Apesar das múmias dessa época tendessem a não ter todos os seus órgãos internos, o coração era normalmente preservado por ser considerado o centro da consciência de uma pessoa.