Ciência
15/03/2023 às 09:00•2 min de leitura
Em algum momento da vida você provavelmente já sentiu uma atração inexplicável por outra pessoa, daquelas em que tudo parece estar alinhado e dando certo. Vocês simplesmente funcionam bem juntos, com cada momento sendo uma maravilha sem descrição.
Popularmente, isto é descrito como "ter química" com a outra pessoa, mas o que realmente isto quer dizer?
A atração quase espontânea sentida por outra pessoa (seja ela de qualquer sexo ou gênero) pode ter diversas explicações que vêm rapidamente à mente. Por exemplo, é possível que seja apenas uma reação hormonal acionando neurotransmissores que fazem com que você simplesmente deseje contato — geralmente sexual — com o outro indivíduo.
A química sentida por outras pessoas geralmente tem forte apelo sexual. (Fonte: Getty Images)
Também é possível que a "química" não seja imediata, surgindo depois de um bate-papo que possivelmente resulta em uma forte atração. Pode ser, ainda que, essa sensação de proximidade (ou necessidade de ainda mais proximidade) se dê por conta de experiências vividas em conjunto, gerando uma espécie de intimidade que não acontece com tanta frequência com outros amigos e conhecidos.
Mas afinal, qual seria o motivo para a tal "química" que sentimos por outros seres humanos? A resposta, de acordo com uma reportagem do Mental Floss, pode ser o somatório das possibilidades listadas acima.
Segundo a neurocientista e psicofisióloga sexual Nicole Prause, cientistas agora "assumem, com pouquíssimas exceções, que qualquer comportamento tem elementos tanto genéticos quanto históricos." Ela explica que o conceito tem a ver com a nossa natureza pessoal e a forma como fomos criados ao longo da infância.
Sentimentos de desejo e criação de laços podem ser bastante impactados por fatores genéticos e psicológicos, além de histórico de traumas familiares, segundo cientistas que estudam a atração sentida entre seres humanos.
De acordo com Helen Fisher, bióloga e antropóloga no Kinsey Institute da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, o sentimento definido como "amor" tem três estágios bem distintos. O primeiro, é a luxúria, o desejo sexual; o segundo é a atração, que tem mais a ver com a sensação querer estar constantemente ao lado de alguém que te faz sentir bem; e, por fim, o apego.
O apego, por outro lado, tem um aspecto mais voltado à criação de fortes laços duradouros (incluindo a formação de família). (Fonte: Getty Images)
Fisher explica que no caso da luxúria somos guiados pelos hormônios masculino e feminino, os estrogênios e os androgênios, que simplesmente nos impelem a querer reproduzir. Em relação à atração, quem geralmente está no comando são o cortisol, a adrenalina e a dopamina, hormônios que nos fazem sentir bem. Por último, mas não menos importante, no caso do apego o responsável é a dopamina, que causa sensações boas e alivia a dor, além de um aumento na quantidade de ocitocina e vasopressina, hormônios que visam criar laços duradouros como os de pais e mães.
Ainda que entendam o funcionamento da coisa toda, cientistas confessam não dominar completamente o assunto. "Entendemos uma boa parte sobre o que acontece quando [a atração] já aconteceu, mas somos muito ruins em prever quando vai acontecer," disse Prause.