Artes/cultura
16/03/2023 às 02:00•2 min de leitura
A Baía de Fundy, localizada em Nova Brunswick, no Canadá, tornou-se um dos lugares favoritos de arqueólogos. O motivo? Com as marés mais altas do mundo, que sobem e recuam mais de 12 metros duas vezes por dia, o local revelou ser um verdadeiro esconderijo de fósseis na América do Norte.
Cada vez que a água se vai, os pesquisadores precisam lutar contra o tempo para tentar desvendar novos achados históricos. O lugar é tão curioso que até mesmo turistas tem ajudado os grupos de trabalho a encontrar novas peças. Conheça um pouco mais sobre a história desse espaço "abençoado" nos próximos parágrafos!
(Fonte: Wikimedia Commons)
A abundância paleontológica de Nova Brunswick foi reconhecida por cientistas por volta da década de 1840, quando a mineração de carvão na região revelou uma quantidade de flora e fauna fossilizada. Ao longo das três eras evolutivas da Terra, o local tem sido uma incubadora vulcânica de vida invertebrada, uma floresta tropical rica em oxigênio e biodiversa que deu origem aos dinossauros, e também uma tundra dominada por gigantes como os mastodontes.
Inclusive, descobertas recentes na área revelaram pegadas de invertebrados e vertebrados que ficaram presos em pedra ao longo das praias da costa atlântica. Nos últimos três anos, o Museu de Nova Brunswick registrou a mandíbula de um proto-réptil do tamanho de uma salamandra e as pegadas de um dinossauro com apenas cinco centímetros de comprimento.
Porém, essas não foram as únicas descobertas nos últimos anos. Recentemente, um grupo de pesquisadores também encontrou a marca da asa de uma libélula do tamanho de um falcão na praia — que até então era desconhecida pelos cientistas. Por fim, também foram encontradas pegadas de anfíbios que datam para a "Lacuna de Romer", uma aparente lacuna no registro fóssil de tetrápodes usado no estudo da biologia evolutiva.
(Fonte: Repositório de imagens NZN)
Para quem almeja viajar até Nova Brunswick, existem uma grande diversidade de parques e reservas ao longo da costa de 2,2 mil km de extensão da província. Os guias turísticos conduzem caminhadas e excursões de remo pela área. Há também buscas na praia durante a maré baixa, quando os turistas podem caminhas ao longo dos lodaçais borbulhantes do fundo do oceano.
É também possível procurar fósseis por conta própria, mas as autoridades locais aconselham consultar a tabela de marés antes disso. Cada viajante possui cerca de seis horas entre os pontos mais baixos e mais altos da água. Assim que a maré começa a subir, ela sobre trinta centímetros a cada seis minutos e pode facilmente inundar uma praia em menos de uma hora.
Embora algumas das pegadas fósseis estejam incrustadas nos penhascos, muitas delas surgem nas rochas que as marés espalham pela areia. Pela lei local, toda descoberta deve ser deixada onde foi encontrada e relatadas ao Museu de Nova Brunswick, que enviará pesquisadores para avaliá-la.
Caso a descoberta seja significativa, você será homenageado com seu nome no museu, que atualmente conta com mais de 23 mil fósseis — incluindo o de um mastodonte juvenil que morreu há 80 mil anos.