Mistérios
22/03/2023 às 13:00•2 min de leitura
Quando se fala em pirâmides, é comum associarmos a palavra ao Egito Antigo ou aos astecas, no México e América Central. Porém, nenhum desses países estão no topo da lista das nações com mais pirâmides. Quem ocupa a posição número um é o Sudão, que conta com mais de 250 pirâmides espalhadas pelo seu território.
Elas não são tão grandes quanto as pirâmides de Gizé, nem recebem tantos turistas. Mas elas também contam histórias sobre reis do passado e serviram de túmulo para os restos dos "faraós negros" do Reino Cuxe, no que já foi conhecido como Núbia. Esse território que vai do sul do Egito e se espalha pelo Sudão já foi um dos reinos mais poderoso do passado. Então, por que as pirâmides dessa civilização são tão pouco conhecidas atualmente?
(Fonte: ati)
O reino Cuxe começou a se estabelecer por volta de 750 a.C., após a queda da 24ª dinastia egípcia, quando o rei núbio Alara governou da cidade de Napata. Seu sucessor, Kashta, ficou provavelmente encantado em algum momento com as pirâmides construídas pelos egípcios e, por volta de 700 a.C., ordenou que uma fosse feita para servir como sua tumba.
As primeiras pirâmides foram todas construídas em El-Kurru, um cemitério cuxita que conta com quase 40 tumbas — sendo a maioria delas feitas como pirâmides. A partir dos anos 590 a.C., as pirâmides começam a ser construídas em diferentes locais — a maioria delas no atual território do Sudão — e isso só teve fim por volta do ano 300 d.C., quando o reino Cuxe entrou em declínio.
Essas pirâmides permaneceram esquecidas por séculos e só passaram a ser exploradas e estudadas por volta de 1830. Nessa época, a notícia de antigas pirâmides no local chamou a atenção de exploradores e saqueadores, que esperavam encontrar tesouros escondidos. Quando os arqueólogos de todo o mundo perceberam o valor histórico delas, muitas pirâmides já haviam sido saqueadas ou parcialmente destruídas.
(Fonte: ati)
Existem duas principais diferenças entre as pirâmides egípcias e as cuxitas. A primeira está na estrutura. Enquanto a Grande Pirâmide de Gizé tem cerca de 140 metros de altura, as pirâmides da Núbia variam entre 5 e 30 metros, além de serem muito mais íngremes.
A segunda diferença é a câmara funerária. As pirâmides egípcias eram construídas com sistemas de túneis e escadas que levavam às salas onde ficavam os sarcófagos. Já nas pirâmides núbias, os corpos eram enterrados geralmente abaixo delas. As entradas das câmaras funerárias ficavam escondidas fora das pirâmides, e degraus íngremes levavam às tumbas subterrâneas — onde ficavam os tesouros também. As pirâmides estavam simplesmente cheias de terra e entulho.
Porém, apesar da importância histórica — em algumas câmaras funerárias foram encontradas peças de cerâmica que vinham de locais como Roma e China, mostrando que a região estava localizada em uma importante rota comercial —, as pirâmides da Núbia ainda enfrentam ameaças que dificultam novos estudos e até mesmo o turismo.
As mudanças climáticas têm feito com que tempestades de areia se tornem mais frequentes e intensas na região. Além disso, fortes chuvas em 2020 levaram ao temor de que o rio Nilo Azul, afluente do Nilo, transbordasse e arruinasse alguns dos locais históricos do Sudão.
Mas o principal impacto para o turismo está na crise política que domina o país há décadas. De 1955 a 1972 e novamente de 1983 a 2005 e de 2013 a 2020, O Sudão enfrentou violentas guerras civis. Isso acaba desestimulando o turismo no local, que é uma fonte importante de renda para sítios arqueológicos.