Mistérios
29/04/2023 às 08:00•2 min de leitura
Nos próximos anos, a NASA pretende mandar humanos para a Lua novamente. Mas, se eles demorarem demais, a viagem pode ficar mais longa. Na realidade, já é mais longa do que foi nas primeiras missões Apollo, quando a agência espacial instalou painéis refletores para medir a distância entre a Terra e a Lua.
Nesses mais de 50 anos, a NASA descobriu que a Lua está se afastando da Terra a uma taxa de 3,8 centímetros por ano. É mais ou menos o ritmo do crescimento das unhas dos dedos.
3,8 centímetros pode não ser muita coisa. Mas e se a Lua mantiver esse ritmo por milhares ou milhões de anos? Será que, um dia, ela pode se afastar totalmente da Terra e nos deixar sem satélite natural?
(Fonte: Getty Images)
Acredita-se que a Lua se formou depois que um objeto do tamanho de Marte se chocou com a Terra, ainda em sua formação. A gravidade fez com que parte dos destroços formassem nosso satélite natural — e as forças de maré, um efeito secundário da gravidade, fez com que ele ficasse na distância que está hoje, a cerca de 384.400 quilômetros de nós.
Mas assim como a gravidade da Terra mantém a Lua girando ao nosso redor, ela também tem sua força gravitacional. E essa relação de forças é o que está fazendo nosso satélite se afastar.
Para começar, é a gravidade da lua que forma as marés nos oceanos, por exemplo. Essa força de maré exerce uma fricção na superfície da Terra, que está diminuindo o ritmo de sua rotação. Para você ter ideia, acredita-se que antes da Lua se formar, há 4,5 bilhões de anos, um dia na Terra durava cerca de 5 horas.
Porém, a Terra também exerce forças de maré sobre a Lua — é uma via de mão dupla. E como os dois corpos celestes fazem parte de um mesmo sistema gravitacional, eles precisam manter uma constante chamada "momento angular". Ou seja, a energia contida em um sistema que está girando.
Basicamente, se você gira mais rápido, o momento angular é maior. Se você gira mais devagar, como a Terra está fazendo, o momento angular diminui. Contudo, essa constante também está relacionada à distância entre os corpos no sistema: quanto mais longe, mais momento angular você tem. Dá para ver onde isso tudo vai chegar?
Isso quer dizer que, se a velocidade da Terra está diminuindo, outra variável precisa mudar para manter o momento angular. A variável que está mudando é a distância da Lua.
(Fonte: Space Frontiers/Getty Images)
A boa notícia é que não, a Terra nunca ficará sem a Lua. A má notícia é motivo disso.
Explicando por partes, os efeitos de maré estão diminuindo a velocidade de rotação da Terra, mas também a da Lua. Com o tempo, os dois corpos celestes vão chegar ao "acoplamento de maré" — um momento em que as velocidades de rotação de corpos celestes se mantém, sem maiores mudanças. Aí, a Lua vai parar de se afastar da Terra.
De acordo com os cálculos dos astrônomos, isso deve acontecer dentro de 50 bilhões de anos — e essa é a boa notícia. A má é que, muito antes disso, dentro de 5 bilhões de anos, o Sol vai começar a morrer. Quando isso acontecer, o Astro-Rei vai aumentar de tamanho, até se tornar uma estrela gigante-vermelha.
Nessa época, a Lua terá se afastado da Terra em mais 198 mil km, mas o Sol vai engolir tudo. Fim da história.