Artes/cultura
31/05/2023 às 08:00•2 min de leitura
Ovos de galinha no início da incubação podem ser sexados, ou seja, separados entre machos e fêmeas, sendo "cheirados" por um dispositivo que classifica produtos químicos voláteis emitidos pela casca. A descoberta, feita por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis, nos EUA, pode evitar o descarte de cerca de 7 bilhões de plintos machos por ano.
Essa matança de pintos machos de um dia ocorre em incubatórios para galinhas poedeiras. Nesses locais, os animais machos têm pouco valor econômico, pois, além de naturalmente não poderem pôr ovos, pertencem a linhagens de postura consideradas inadequadas para a produção de carne.
De acordo com a pesquisa sobre o assunto, publicada dia 22 de maior na revista PLOS ONE, "um processo prático para identificar o sexo do ovo no início da incubação sem penetrá-lo melhoraria o bem-estar animal, reduziria o desperdício de alimentos e atenuaria o impacto ambiental". Segundo a vice-reitora da UC Davis, Cristina Davis, o estudo provou que isso é possível.
Na pesquisa, foram usadas ventosas do tipo industrial para manipular ovos.
Diferente das tecnologias atuais, que fazem a sexagem furando o ovo e coletando material ou por meio de uma espectroscopia através da casca, a nova abordagem apenas "cheira" compostos orgânicos voláteis (VOCs) emitidos pelo embrião e difundidos através da casca. Por isso, o primeiro passo da pesquisa foi descobrir se essa diferença olfativa existe entre os sexos, e se é seguramente detectável.
Para isso, o departamento de engenharia mecânica e aeroespacial da UC Davis criou um chip sensor capaz de coletar e analisar produtos químicos orgânicos no ar. A tecnologia patenteada foi licenciada pela Sensit, que pretende comercializá-la para uma variedade de aplicações, inclusive agricultura e medicina.
Os ovos foram "cheirados" adaptando-se ventosas usadas no manuseio industrial para não os abrir. Em seguida, as amostras de ar passaram por análises de cromatografia gasosa/espectrometria de massa nos laboratórios da coautora Davis. Finalmente, o sexo dos ovos foi comprovado por exames de DNA no laboratório do professor Huajin Zhou.
O novo método separou embriões masculino e femininos em dois minutos de amostragem.
Para especificar quais são as condições ideais para coletar os VOCs de ovos de forma a discriminar entre embriões masculinos e femininos, os pesquisadores fizeram três experimentos separados: extração de VOC ativa versus passiva, condições de armazenamento dos ovos e tempos de extração de VOC/temperaturas de incubação.
Em um release da universidade, o presidente e CEO da Sensit Ventures, Tom Turpen, que também é o autor sênior do artigo, afirma: “Descobrimos haver produtos químicos voláteis no ovo, um cheiro que você pode capturar e classificar estatisticamente”.
Os embriões masculinos e femininos foram identificados com 80% de acerto, aos oito dias de incubação, com base em dois minutos de amostragem.