Por que humanos vivem no frio mesmo sem um organismo adaptado?

31/05/2023 às 09:202 min de leitura

Tirando o ser humano, todas as outras espécies de primatas vivem em regiões quentes. A nossa própria espécie, inclusive, se originou no calor do continente africano. E apesar de existirem algumas pessoas — doidas, na minha opinião — que dizem amar frio, nossa natureza sempre foi se adaptar melhor ao calor. 

Nenhum ser humano consegue sobreviver ao frio "como veio ao mundo". Ainda assim, nossa espécie se espalhou por quase todos os cantos da Terra, incluindo os locais mais gelados da Sibéria, Escandinávia e do Ártico.

Os hominídeos que se aventuraram pelas latitudes mais altas dessas regiões tiveram que caçar em condições bem menos favoráveis, com dias mais curtos e muita neve. Isso sem falar, é claro, na temperatura e no vento congelante, que gerava ainda mais perda de calor corporal. 

E desde o neandertal até o Homo sapiens sapiens de hoje, os hominídeos não desenvolveram tantas adaptações físicas para o frio. Pelo menos não como outras espécies que vivem nessas regiões, que têm uma pelagem espessa e grandes reservas de gordura. 

Entretanto, nós temos outra maneira bem interessante de nos adaptar ao frio: usando a nossa inteligência. Em resumo, foi com adaptações "culturais" — muito mais do que físicas — que nós conseguimos dominar os lugares mais gelados do planeta. 

As adaptações culturais dos hominídeos

Evidências dessas adaptações podem ser encontradas desde os tempos mais remotos: há 850 mil anos, em Happisburg, região leste da Inglaterra, por exemplo. Na época, essa região tinha o clima semelhante ao da Escandinávia e nossos ancestrais viveram bem por lá.

Isso porque eles faziam fogueiras e produziam roupas bem quentinhas — roupas como outros hominídeos só fariam milhares de anos depois. 

Em outro sítio arqueológico — em Boxgrove, também na Inglaterra — foram encontradas várias evidências de caçadas. Isso vai ao encontro do que observamos hoje em dia: pessoas vivendo em locais muito frios comem mais carne animal do que aquelas que vivem no calor. Até porque a carne tem mais calorias e gordura para preservar o calor do corpo no frio.

Hominídeos que viviam na neve dependiam mais das caças (Fonte: Getty Images)Hominídeos que viviam na neve dependiam mais das caças (Fonte: Getty Images)

E algumas adaptações físicas

Dito isso, é possível observar que os humanos que foram viver no frio também desenvolveram algumas adaptações físicas. A pele mais clara, por exemplo, ajuda a absorver melhor a vitamina D, já que a luz solar é menos presente em latitudes altas. 

Além disso, a silhueta desses povos tende a ser mais baixa e atarracada, com membros mais curtos, já que isso deixa menos espaço para perder o pouco calor que eles conseguem absorver.

Ainda assim, são adaptações muito menores do que as que observamos em outras espécies que vivem nas mesmas regiões, com corpos bem mais arredondados (a forma ideal para não perder calor) e uma cobertura de pelos e gordura bem mais robusta. 

De forma alguma há um hominídeo que consiga viver no frio, naturalmente. Se nós dominamos a Sibéria ou o Ártico, foi por causa das adaptações culturais, como roupas e alimentação.

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