Saúde/bem-estar
17/06/2023 às 05:00•2 min de leitura
Uma das principais preocupações dos ambientalistas com o nosso planeta é a água. Conforme poluímos boa parte dela e usamos a outra indiscriminadamente, esse recurso pode vir a faltar — como já acontece em muitos lugares, diga-se de passagem.
Mas será que a água é mesmo um recurso finito? Isto é, toda a água está aqui desde que o mundo é mundo? Para responder a essa pergunta, precisamos nos fazer outra: de onde vem a água que cobre mais de 70% da superfície do planeta, afinal de contas?
(Fonte: Getty Images)
Durante muito tempo, se pensou que a água da Terra — algo único no nosso Sistema Solar — fosse resultado de choques com asteroides, durante a formação do planeta. A água estaria no interior desses corpos celestes e foi trazida por eles, portanto.
Mas um estudo recente, publicado em abril de 2023 na revista renomada Nature, indicam uma origem bem diferente para a nossa água. Ela seria resultado de reações químicas na atmosfera da então jovem Terra, que era riquíssima em hidrogênio.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas fizeram uma infinidade de cálculos baseados no estudo dos exoplanetas — os planetas fora do nosso Sistema Solar. Contudo, resumindo bastante, eles usaram uma hipótese de que o planeta era um pouco maior do que a ciência imaginava (o suficiente para ter uma atmosfera rica em hidrogênio), e as contas bateram.
Exoplanetas jovens costumam ter essa riqueza na atmosfera durante seus primeiros milhões de anos. Esse elemento reagiu com os metais que hoje formam o magma do interior do planeta, mas também ajudaram a criar os oceanos que temos na superfície. Além disso, é só estudar a água presente nos cometas e asteroides que passam por aqui para saber que ela tem uma composição diferente da nossa. Logo, ela não veio dos asteroides.
Respondida a essa pergunta, ainda resta outra.
(Fonte: Getty Images)
Essa questão pode ser mais filosófica do que propriamente química. Afinal, tudo depende do que consideramos "nova água".
De certa maneira, nova água é criada até pelos nossos corpos. Quando processamos alguma molécula de açúcar no organismo (C6H12O6) utilizando oxigênio, isso se dissolve em energia para viver — além de algumas moléculas de dióxido de carbono e outras moléculas de água.
Parte disso sai na urina e outra parte na expiração. Nós expiramos meio litro de água em vapor, todos os dias. Reações desse tipo acontecem por todo o planeta, com todas as espécies. Além disso, é bem provável que as reações entre o magma e hidrogênio, que citamos anteriormente, aconteçam até hoje. E esse novo H2O pode chegar à superfície de diversas formas, como pela atividade vulcânica.
Todos os dias, nós expiramos meio litro de vapor d'água (Fonte: Getty Images)
Por outro lado, também podemos dizer que essa água não é exatamente nova. Afinal, para que algum ser vivo (ou não-vivo) "produza" água, ele precisa respirar ou se alimentar por uma fonte que utiliza o H2O que já estava por aí no planeta. E se o magma reage com hidrogênio, trata-se de magma e hidrogênio que estão aqui desde sempre.
O mesmo acontece quando pensamos na água das chuvas: conforme o H2O evapora dos rios, oceanos e da própria terra, ele sobe pela atmosfera na forma de vapor. Quando a temperatura abaixa o suficiente, a água volta a ser líquida e cria nuvens — que, quando ficam pesadas, nos trazem chuvas. Então o ciclo se completa.
Pensando dessa maneira, toda a água que existe no planeta hoje se originou de moléculas que também estavam aqui desde o início. A Terra é um sistema bem fechado que se renova e nada se cria, tudo se transforma.