Kamala Sohonie: a bioquímica indiana pioneira na ciência

22/06/2023 às 09:002 min de leitura

O Google recentemente homenageou Kamala Sohonie com um tradicional Doodle na sua página inicial. Ela foi a primeira mulher indiana a obter um PhD em ciência, e tem uma forte importância na luta pelos direitos das mulheres.

Kamala nasceu em 1911, em Indore, Madhya Pradesh. Seu pai, Shri Narayanarao Bhagvat, e seu tio se tornaram químicos renomados, e estavam entre os primeiros alunos a se formar no Instituto Indiano de Ciências (IISc) em Bangalore. Ela conquistou seu primeiro diploma, como bacharel em física e química, pela então Universidade de Bombay.

Em seguida, Kamala Sohonie tentou entrar no instituto de Bangalore, onde haviam estudado seu pai e seu tio, para cursar um mestrado. Mas ela acabou discriminada por ser mulher. O físico indiano Chandrasekhara Venkata Raman, que ganhou o prêmio Nobel em 1930, indeferiu sua inscrição pois era contra a entrada de estudantes mulheres na escola.

A luta de Kamala

(Fonte: Eduvast)(Fonte: Eduvast)

Kamala Sohonie não se conformou. Ela foi até o escritório de Raman e fez uma Satyagraha (um tipo de protesto civil não violento que significa "insistir pela verdade", e que Gandhi costumava praticar). Raman cedeu a contragosto, mas impôs condições: ela ficaria sob uma "condicional" por um ano, e ele só seria reconhecida quando o físico visse qualidade no seu trabalho. Ela também teve que prometer que não criaria "distrações" no laboratório.

Mais tarde, Kamala declarou sobre esse período: “embora Raman fosse um grande cientista, ele era muito tacanho. Nunca poderei esquecer a maneira como ele me tratou só porque eu era mulher. Mesmo assim, Raman não me admitiu como aluno regular. Isso foi um grande insulto para mim. O preconceito contra as mulheres era tão ruim naquela época. O que se pode esperar se até mesmo um prêmio Nobel se comporta dessa maneira?”

Depois de admitida, Kamala passou a trabalhar com o professor Sreenivasayya, tido como bastante rigoroso. Sua dedicação foi tanta que ela acabou se tornando aluna regular e convencendo Raman de que as mulheres tinham competência para estudar ciência.

Isso levou a mudanças importantes no instituto. A partir do ano seguinte, as estudantes começaram a poder se candidatar às vagas.

As contribuições da pesquisadora

(Fonte: Medium)(Fonte: Medium)

Seus trabalhos de pesquisa logo começaram a se destacar. Ela realizou estudos que ajudaram a entender e a potencializar a nutrição das crianças a partir da compreensão das proteínas do leite. 

No doutorado, realizado na Universidade de Cambridge, Kamala Sohonie descobriu a universalidade de uma enzima chamada Citocromo C, presente em todas as reações bioquímicas nas plantas. Ela terminou seu PhD de forma muito rápida, em apenas 14 meses, tornando-se assim a primeira mulher indiana a obter este título. 

Depois de terminar o doutorado em 1939, Kamala retornou para a Índia, e começou a trabalhar como chefe de departamento de Bioquímica no Lady Hardinge College, em Nova Delhi. Mais tarde, ela ingressou no Royal Institute of Science em Mumbai, onde realizou pesquisas bioquímicas que mapeava as vitaminas presentes nos alimentos mais consumidos na Índia. Deste modo, seus estudos serviram para criar diretrizes de atuação para diminuir a desnutrição do país.

Outro projeto importante foi o estudo da "neera", uma bebida feita de extrato de palmeira e que, conforme ela descobriu, é uma boa fonte de vitamina C. Em seguida, Kamala ajudou na popularização da bebida entre a população mais pobre da Índia, incluindo crianças e mulheres grávidas. Por este trabalho, ela recebeu um prêmio do presidente, e até hoje a neera é usada na Índia com essa função.

Por fim, Kamala Sohonie também atuou bastante como escritora de livros de ciência. Ela produziu várias obras que ajudavam a difundir conhecimento científico e assim colaboram com muito mais pessoas.

Kamala Sohonie faleceu em 1998, aos 86 anos, mas deixou um legado incrível para as novas gerações — e, em especial, a todas as mulheres que até hoje precisam lutar para ocupar mais lugares.


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