Ciência
29/07/2023 às 06:00•2 min de leitura
Imagine se pudéssemos fazer uma visitinha ao nosso próprio cérebro e dar uma cutucada nele. Será que sentiríamos dor? Surpreendentemente, não!
Inclusive, é possível fazer uma cirurgia na cabeça de uma pessoa acordada, de modo que os médicos podem acompanhar melhor as reações do paciente enquanto mexem em seu cérebro. Como isso é possível?
(Fonte: Getty Images)
Basicamente, nosso cérebro não é equipado com receptores de dor, ou seja, com os nociceptores. Ativados por estímulos desagradáveis – como o calor provocado pelo fogo ou quando você fura seu dedo num prego – esses neurônios sensoriais são os responsáveis por enviar alertas ao Sistema Nervoso Central quando algo está errado.
No entanto, quando o assunto é o nosso cérebro, nossos neurônios e toda a estrutura cerebral permanecem em um estado de dormência dos sentidos. Acredite se quiser, a estimulação direta do tecido cerebral não causa nenhum resmungo de dor. Como não há resposta informando ao cérebro que ele está sendo "atingido", logo, procedimentos neurocirúrgicos não são sentidos por um paciente acordado, por exemplo.
Obviamente que, ao abrir a cabeça de uma pessoa, ela sentirá dor nas áreas que envolvem a cabeça e o crânio, pois essa parte, sim, possui os sensores que reportam ao cérebro que algo perigoso está acontecendo. Nesse caso, usa-se anestesia.
(Fonte: Getty Images)
Os nociceptores estão à espreita nos arredores do cérebro, prontos para soar o alarme. As meninges, os tecidos nervosos, os vasos sanguíneos e os músculos do pescoço, todos possuem esses sensores de dor que, quando afetados, enviam ao cérebro uma "mensagem urgente".
São dessas áreas que surgem os diversos tipos de dores de cabeça, cada uma com suas próprias razões e características. As dores de cabeça tensionais, por exemplo, têm sua origem na contração dos músculos do pescoço e couro cabeludo.
Já as temíveis enxaquecas são um quebra-cabeça ainda sem todas as peças. Acredita-se que atividades anormais no cérebro afetem sinais nervosos, substâncias químicas e vasos sanguíneos, resultando na dor intensa, muitas vezes acompanhada de náuseas e sensibilidade à luz.
Há também as dores de cabeça em salvas, que podem ser insuportáveis. Muito raras, elas se caracterizam por dores intensas concentradas em um lado da cabeça, podendo até causar pálpebras caídas ou pupilas menores. É um verdadeiro desafio decifrar a causa dessas dores, mas a ciência está trabalhando para descobrir soluções que aliviem esse sofrimento.
Assim, quando estiver com dor de cabeça, lembre-se que a dor não vem do cérebro, e sim de outro ponto do corpo que está precisando de atenção.