Artes/cultura
19/03/2022 às 09:00•2 min de leitura
Por muito tempo, a ciência acreditou que não era possível desenvolver novas células cerebrais depois que atingíssemos a idade adulta. Mas hoje as pesquisas estão provando que, diferente do que pensávamos, é possível criar novos neurônios.
Amar Sahay, neurocientista do Massachusetts General Hospital, afiliado a Harvard, explica: "a realidade é que todos têm a capacidade de desenvolver novas células que podem ajudar a melhorar as funções cognitivas". Estas descobertas são vistas como muito promissoras, pois trazem esperança para novos tratamentos contra doenças como a depressão, o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), o Alzheimer e outras formas de demência.
A crença de que neurônios não se regeneram se desenvolveu, em parte, por conta das perdas motoras e cognitivas que começamos a apresentar à medida que envelhecemos, o que aconteceria por volta dos 25 anos — a partir daí, seria "ladeira abaixo" para o cérebro. Mas agora os pesquisadores estão descobrindo que há células neurais que conseguem se refazer ao longo da vida.
(Fonte: Getty Images)
Novas pesquisas no campo da neurociência começaram a se desenvolver no fim da década de 1990, quando cientistas da Universidade Rockefellers, em Nova York, passaram a investigar o cérebro de macacos saguis. Eles injetaram um marcador químico nestes animais para poder identificar as células cerebrais maduras e novas.
O estudo mostrou que o hipocampo (área do cérebro associada a memórias e emoções) dos macacos continuou a gerar novos neurônios (a chamada neurogênese), independente da idade que eles tinham. Posteriormente, estas pesquisas confirmaram que as células do hipocampo, quando morriam, eram substituídas por outras. Para a surpresa dos pesquisadores, estas células novas cooperam para que o hipocampo mantenha suas funções centrais.
(Fonte: Shutterstock)
Os pesquisadores responsáveis por estas descobertas, inclusive, dão recomendações para quem está interessado em "gerar" novas células cerebrais. As dicas envolvem a realização de ações que visam, basicamente, 3 objetivos: cuidar dos neurônios que já existem, cultivar neurônios novos e evitar que esses morram.
Para preservar os seus neurônios, os especialistas recomendam fugir do estresse, dormir sempre a quantidade necessária (dormir "desintoxica" o cérebro e o faz eliminar resíduos ligados à demência e ao Alzheimer), e seguir uma dieta saudável, fugindo das gorduras, alimentos refinados e doces.
Agora, se o objetivo é cultivar novas células cerebrais, as dicas são: comer bastante mirtilos e chocolate amargo (que contêm flavonoides); "engajar" o cérebro em atividades que o tirem de sua zona de conforto; comer alimentos ricos em ômega-3, como abacates e certos tipos de peixes gordurosos; fazer exercícios regulares; comer bastante cúrcuma (que, segundo descobriram os pesquisadores, ajuda a evitar distúrbios neurológicos); fazer sexo; expor-se à luz solar (que faz o corpo produzir vitamina D); beber chá verde; e, por fim, praticar o jejum intermitente (isso ajudaria a desestressar o cérebro).
Manter todos esses hábitos relativamente simples com regularidade o ajudará a preservar seus novos neurônios e, assim, poderá aproveitar as vantagens de ter um cérebro sempre jovem.