Ciência
25/07/2023 às 09:00•2 min de leitura
Quando pesquisadores encontram algum artefato antigo, isso é motivo de comemoração. Por meio dessas descobertas, conseguimos entender como as criaturas do passado viviam e como se desenvolveram — o que é fundamental para se entender a história do nosso planeta.
Contudo, nem sempre as descobertas arqueológicas ocorrem durante as expedições dos cientistas. Nada impede que você, ao fazer um buraco em seu quintal, encontre algum item considerado valioso para a ciência. Se essa situação hipotética ocorrer, isso significaria que você ganhou na loteria? Seria possível vender essa peça?
A resposta para as duas perguntas é não. No Brasil, não é permitida a venda de artefatos como fósseis. Nesse caso, a pessoa que o encontrou precisa entrar em contato com uma universidade ou um órgão de pesquisa. Após a comunicação, pesquisadores analisarão o local da descoberta e verão se o objeto encontrado é mesmo um artefato arqueológico — ou se é só um alguma coisa que o seu cachorro enterrou.
Ainda que a curiosidade seja grande, não é recomendado que você retire o objeto do local da descoberta. Isso pode danificar o item, uma vez que parte dele ainda pode estar enterrada.
Essas mesmas regras valem caso você encontre algo em terrenos públicos, como na praia ou em uma trilha no bosque. Nesses casos, comunique as autoridades locais e dê a eles uma localização do objeto para que os estudos possam ser feitos.
Fonte: Getty Images
Existe um comércio pujante em torno dos fósseis encontrados por pessoas comuns. O destaque desse mercado está nos Estados Unidos, considerado um país rico em fósseis de dinossauros.
Ao contrário do vizinho Canadá, que determina que a propriedade de fósseis pertence ao governo, a legislação estadunidense varia de acordo com cada estado.
Isso estimula que muitas pessoas viajem até cidades em que foram encontrados ossos de dinossauros na tentativa de encontrar algo valioso. É como se fossem garimpeiros de ouro, mas no lugar do minério, os forasteiros procuram ossos de dinossauros.
Uma reportagem do The New York Times contou a história de Peter Larson, um cidadão que vendeu um fóssil de um tiranossauro Rex em um leilão em 1997 por mais de US$ 8 milhões. Os paleontólogos do país reclamam que esse tipo de prática coloca a pesquisa dos EUA em desvantagem em relação às outras nações.
Outro exemplo negativo do mercado clandestino de fósseis teve como vítima o Brasil. Em 1990, o crânio do dinossauro Irritator Challengeri foi contrabandeado do nordeste brasileiro para o Museu Estadual de História Natural de Stuttgart, na Alemanha.
Lá, ele foi estudado por paleontólogos franceses e alemães. Em maio deste ano, os cientistas publicaram um artigo sobre o animal, revelando que ele seria um predador voraz e ágil. Nesse mesmo estudo, eles reconhecem que a origem do fóssil era “problemática”.
Outro fóssil brasileiro levado para a Alemanha foi o do dinossauro Ubirajara jubatus, retirado do Ceará. Após investigação das autoridades brasileiras, os pesquisadores alemães concordaram em devolver o fóssil para o seu país de origem.