Estilo de vida
28/07/2023 às 12:00•2 min de leitura
Utilizando uma tecnologia pioneira de mapeamento a laser, uma equipe de pesquisadores apoiados pela Fundação PACUNAM fizeram uma grande descoberta arqueológica na Guatemala. Segundo a reportagem divulgada pelo National Geographic, mais de 60 mil estruturas maias foram identificadas em meio às selvagens regiões de Petén.
Entre essas estruturas estavam casas, fortificações e calçadas. As descobertas surpreenderam o grupo de pesquisa, que não tinham ideia da complexidade e alcance da civilização maia na região. O estudo revolucionário foi feito usando Light Detection and Ranging (LiDAR), que funciona transmitindo milhões de pulsos de laser de um avião para o solo abaixo.
(Fonte: National Geographic/Wild Blue Media)
À medida que os comprimentos de onda são recuperados pela tecnologia LiDAR, esses dados são medidos para criar mapas topográficos detalhados. Na Guatemala, essa ferramenta permitiu aos pesquisadores mapearem mais de 2 mil km² de terra obscurecida pela densa folhagem na região.
“Acho que este é um dos maiores avanços em mais de 150 anos de arqueologia maia”, relatou o arqueólogo da Universidade Brown, Stephen Houston, em entrevista à BBC. Há muito tempo, estudiosos acreditam que as cidades maias eram em grande parte isoladas e autossustentáveis.
Contudo, as varreduras LiDAR indicam que a civilização maia encontrada na Guatelama era interconectada e mais sofisticada do que antes se pensava, não muito diferente das antigas civilizações da Grécia e da China. A ampla rede de calçadas e plataformas elevadas que ligavam as cidades maias, por exemplo, poderiam ter sido usadas para facilitar o comércio entre diferentes áreas.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Um ponto interessante sobre as varreduras a laser é que elas também sugerem que a civilização maia era muito maior do que se acreditava anteriormente. Estimativas colocavam a população local em cerca de 5 milhões de pessoas durante o chamado "Período Clássico Maia", que durou entre 250 e 900 d.C.
Porém, os novos dados sugerem que essa população pode ter atingido números tão grandes quanto 10 a 15 milhões de pessoas, incluindo muitos que habitavam áreas pantanosas e antes vistas como inabitáveis. A maioria das estruturas recém-descobertas parece plataformas de pedra que teriam sustentado as casas de estacas e palha nas quais a maioria dos maias viviam.
A pesquisa também revelou um surpreendente número de sistemas de defesa, representados por muralhas e fortalezas. Algumas das terras mapeadas pela tecnologia LiDAR eram inexploradas, enquanto alguns outros locais foram escavados anteriormente.
Uma das descobertas mais bombásticas é a de uma pirâmide de sete andares que foi completamente coberta pela vegetação. Por fim, é preciso ressaltar que a pesquisa recente é apenas a primeira fase da Iniciativa LiDAR da PACUNAM, que busca mapear mais de 13 mil km² das planícies da Guatemala ao longo de três anos. Mais informações sobre esse estudo podem ser vistas no documentário Lost Treasures of the Maya Snake King, desenvolvido pelo National Geographic.