Linha de Wallace: o que é e como esse mistério geográfico pode ter sido resolvido

31/07/2023 às 02:002 min de leitura

Para quem já olhou um mapa-múndi de perto ou estudou o básico de geografia, provavelmente já deve ter notado que o mundo está cheio de linhas invisíveis que o separam — incluindo a linha do Equador e os trópicos de Câncer e Capricórnio. No entanto, uma dessas linhas tende a ser mais misteriosa do que as demais: a Linha de Wallace.

Essa linha imaginária começa no Oceano Índico, corta entre Bali e Lombok, contorna Bornéu e termina no leste das Filipinas. Descrita por Alfred Russel Wallace em 1859, no entanto, demorou muito tempo até os cientistas descobrirem o porquê de várias espécies de animais de ambos os lados simplesmente não cruzarem essa divisa. Contudo, novas respostas estão surgindo.

Separação de espécies

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Em um contexto geral, a Linha de Wallace representa um limite muito real para a distribuição de animais no planeta. Por conta disso, espécies muito diferentes podem ser encontradas em lados opostos — mas jamais nos dois lados. Enquanto criaturas como cangurus e coalas são endêmicas da Austrália e não aparecem em Bornéu, outras espécies que se originam no lado norte da linha simplesmente não cruzam essa fronteira.

Essa assimetria na distribuição das espécies, inclusive, tem deixado os cientistas perplexos há anos. "Se você viajar para Bornéu, não verá nenhum mamífero marsupial, mas se for para a ilha vizinha de Sulawesi, verá. A Austrália, por outro lado, carece de mamíferos típicos da Ásia, como ursos, tigres ou rinocerontes", destacou o autor do estudo, Alex Skeels, em comunicado oficial.

Porém, uma solução parece ter sido encontrada: placas tectônicas. Há dezenas de milhões de anos, essa área do planeta parecia muito diferente do que conhecemos hoje, com uma distância muito maior separando o sul da Austrália da Ásia. Em algum período, a Austrália foi se separando da Antártica e deslocou-se para o norte, fazendo com que colidisse com a Ásia.

Mudanças geográficas

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

A colisão de Austrália e Ásia foi responsável pela criação das ilhas vulcânicas atualmente conhecidas como Indonésia. Essa fusão fez com que muitos mais grupos da fauna asiática cruzassem a Linha de Wallace e se estabelecessem na Austrália do que o contrário.

A separação australiana da Antártida acabou criando uma nova passagem marítima muito mais fria, que gerou um resfriamento dramático do clima da Terra naquela época. Para entender essa migração de espécies, os pesquisadores da Universidade Nacional Australiana analisou de perto cerca de 20 mil espécies, incluindo aves, mamíferos, répteis e anfíbios.

Durante a coleta de dados, os cientistas descobriram que as espécies que evoluíram na Austrália seca e árida eram menos capazes de sobreviver nas ilhas tropicais úmidas ao norte, enquanto as espécies com maior tolerância à precipitação tiveram mais sucesso fazendo o caminho reverso. Por esse motivo, a Austrália acabou ficando conhecida por ser uma região bastante singular em termos de animais curiosos. 

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