Ciência
01/08/2023 às 10:00•2 min de leitura
Enquanto escavavam uma vila romana na Inglaterra, um grupo de arqueólogos se deparou com os restos mortais de cachorro de porte pequeno, sugerindo que os antigos britânicos mantinham cães menores como animais de estimação já há 1,8 mil anos. Medindo apenas 20 centímetros de altura da pata ao ombro, esse é um dos menores cães da Era Romana já descobertos no Reino Unido.
A descoberta foi feita em Wittenham Clumps, em Oxfordshire. Atualmente, a região pertence e é protegida pela instituição de caridade ambiental Earth Trust. Zooarqueólogos que examinaram o fóssil canino determinaram que o animal em questão provavelmente era do sexo feminino e tinha estrutura das pernas parecida com a de um cão "salsicha" dachshund. Entenda mais sobre o caso!
(Fonte: DigVentures/Divulgação)
Diferente da maioria dos cachorros já encontrados na Era Romana, os quais eram usados para caça ou para o pastoreio de outros animais, o pequenino cachorro encontrado em Wittenham Clumps provavelmente possuía um papel diferente na sociedade bretã do que seus familiares mais próximos.
Na visão dos pesquisadores, o fato deste cachorro ser tão pequeno e ter penas arqueadas sugere que ele provavelmente não foi criado para atacar presas. Além disso, seu esqueleto foi enterrado junto de seu dono, o que torna ainda mais provável que a cadela em questão tenha sido mantida como um cachorro doméstico ao longo de sua vida.
A casa onde o cão do tamanho de um chihuahua foi ocupada entre os séculos III e IV, quando a Grã-Bretanha fazia parte do Império Romano. A filhote de pequeno porte é apenas um dos 15 cães de baixa a média estatura descobertos dentro da vila. Em comunicado, a pesquisadora Maiya Pina-Dacier, da DigVentures, afirmou que os ocupantes ricos da casa "geriam uma fazenda com uma variedade de animais de trabalho, incluindo cães de caça ou pastoreio — bem como este pequeno canino".
(Fonte: DigVentures/Divulgação)
Antes da ocupação romana na Inglaterra, não era nada comum encontrar cachorros pequenos nessa região do mundo. "Você só encontraria cães de trabalho de tamanho médio e grande, provavelmente para caça e guarda", destacou Pina-Dacier. Posteriormente, esses mesmos cães foram cruzados e exportados para todo o Império Romano.
Durante a Era Romana, no entanto, outros tipos de cães chegaram à área. Versões em "miniatura" de cães maiores e raças de cães nascidas com condrodisplasia, um fenótipo de que resulta em pernas curtas e arqueadas, passaram a ser vistas como populares companheiros de estimação — um movimento que acompanhava as tendências do restante do Império Romano.
A maioria dos pequenos cachorros romanos encontrados no Reino Unido medem entre 22 a 37 centímetros de altura. A criação de cães minúsculos como animais de estimação, segundo os pesquisadores, parece ser um fenômeno romano ligado a outras tentativas de demonstrar riqueza e ostentação.
Para Pina-Dacier, as recentes descobertas feitas na vila romana trazem mais informações sobre como as famílias britânicas viviam no passado e como seus cães teriam sido amados da mesma forma que os nossos animais de estimação atuais.