Artes/cultura
12/08/2023 às 09:00•2 min de leitura
Em um estudo recente, divulgado pela revista Wired, um pós-doutorando da Universidade de Nebraska-Lincoln (UNL), nos EUA, provou que o aquecimento de embalagens plásticas libera grandes quantidades de microplásticos e nanoplásticos em seus conteúdos.
A questão surgiu quando o primeiro autor, Kazi Albab Hussain, se tornou pai e ficou obcecado com uma pesquisa anterior, na qual cientistas descobriram que mamadeiras de plástico despejam milhões de partículas nas fórmulas que os bebês ingerem.
“Naquela época, eu comprava muitos alimentos para bebês e percebia que, mesmo nos alimentos para bebês, havia muito plástico”, afirmou Hussain à Wired. Para saber quantos micro e nanoplásticos estavam sendo liberados, ele pegou uma boa quantidade de comidinhas para bebês no supermercado e levou todos os potes vazios para o seu laboratório na UNL, onde, junto com seus colegas, elaborou um estudo preocupante.
(Fonte: Kazi Albab Hussain/American Chemical Society/Reprodução)
Para testar a quantidade de plástico a que o filho de Hussain estava sendo exposto, a equipe selecionou três recipientes de comida para bebês trazidos do mercado: dois frascos de polipropileno rotulados como “seguros para micro-ondas” — conforme as normas da FDA — e um pote de papinha reutilizável feito de um plástico desconhecido.
Em seguida, eles substituíram o conteúdo original dos recipientes por água deionizada e ácido acético, para simular alimentos aquosos como iogurte e sucos cítricos. Depois deixaram as três embalagens em temperatura ambiente, na geladeira e em uma sala quente. Então, os dois potes de polipropileno, teoricamente mais resistentes, foram levados ao micro-ondas por três minutos em potência alta. Finalmente, liofilizaram os líquidos e extraíram as partículas.
Os resultados mostraram que o aquecimento no micro-ondas causou uma maior liberação de microplásticos e nanoplásticos nos alimentos quando comparado aos outros três cenários. Nos recipientes colocados no micro-ondas por três minutos, foram encontrados até 4,22 milhões de microplásticos e 2,11 bilhões de partículas nanoplásticas de apenas um centímetro quadrado de área.
(Fonte: Getty Images)
Como os rins são os órgãos que têm mais contato com o plástico ingerido, a equipe testou banhar células renais humanas embrionárias no montante de plástico derramado pelos potes de comidas para bebê. Apenas dois dias após essa exposição, cerca de 75% das células renais morreram, o que representa três vezes do que ocorre em uma solução mais diluída.
Apesar de usarem uma concentração de plástico bem maior do que a que um bebê seria exposto ao comer uma papinha aquecida no micro-ondas de sua casa, os pesquisadores destacam que os efeitos do acúmulo total de plástico ao longo do tempo no organismo humano ainda é desconhecido, mas pode ser muito grave.