Ciência
22/08/2023 às 11:00•2 min de leitura
Um novo estudo indica que os primeiros humanos que habitaram a Europa foram extintos repentinamente devido a um evento de resfriamento extremo que ocorreu por volta de 1,1 milhão de anos atrás, muito antes do que se imaginava.
Tratavam-se possivelmente de membros da espécie Homo erectus, que desapareceram do continente no mesmo período da nevasca até então desconhecida. Enquanto fósseis e ferramentas de pedra indicam que essa espécie chegou à Europa entre 1,8 milhão e 1,4 milhão de anos atrás, eles aparentemente desapareceram cerca de 1,1 milhão de anos atrás
A próxima evidência de presença humana arcaica na Europa data de cerca de 900 mil anos atrás, após a chegada do Homo antecessor, uma espécie mais robusta, vinda da África ou Ásia. Ou seja, a nova pesquisa pode modificar um pouco a cronologia humana.
A pesquisa foi recentemente publicada na revista Science com evidências encontradas em amostras de sedimentos marinhos do fundo do oceano próximo à costa de Portugal. Ao analisar isótopos elementares em restos de plâncton marinho e grãos de pólen de vegetação terrestre, os pesquisadores identificaram um resfriamento abrupto por volta de 1,15 milhão de anos atrás.
A temperatura da água perto de Lisboa caiu de uma média atual de cerca de 21 °C para aproximadamente 6 °C, enquanto a massa de terra europeia experimentou uma fase fria semelhante, possivelmente contribuindo para a expansão das geleiras. Além disso, os cientistas também observaram um fluxo contínuo de água fria a partir de cerca de 1,13 milhão de anos atrás. Ou seja, isso deve ter sido o resultado do derretimento das espessas camadas de gelo acumuladas nos séculos anteriores.
Embora pesquisas indiquem um pico da Era Glacial por volta de 900 mil anos atrás, existem evidências concretas de um período de resfriamento ainda mais antigo, localizado há cerca de 1,1 milhão de anos. Ainda são necessárias mais evidências para uma compreensão maior desse período.
Júpiter: "O que eu tenho a ver com isso?" (Foto: Pixabay)
O estudo ainda sugere que a principal causa do resfriamento foi astronômica, relacionada à influência gravitacional de Júpiter! Na época, a órbita da Terra ao redor do Sol era aproximadamente circular, uma circunstância associada a outras fases de resfriamento climático.
Além disso, durante esse período, houve uma redução significativa nos níveis de dióxido de carbono na atmosfera. No entanto, os cientistas ainda não têm certeza se esse foi o fator desencadeante do resfriamento ou uma consequência dele.
A pesquisa também oferece uma reconstrução detalhada do clima da época, evidenciando que o resfriamento extremo teria tornado a Europa imprópria para os humanos arcaicos. Isso teria dificultado a busca por alimentos, uma vez que menos plantas e animais sobreviveriam a condições tão rigorosas. Além disso, os próprios Homo erectus não eram adaptados para o frio, carecendo de isolamento de gordura e meios eficazes para produzir fogo, roupas ou abrigos.