Ciência
27/08/2023 às 13:00•2 min de leitura
Assim como muitas criaturas que vivem em recifes de corais, o bodião-porco é um verdadeiro especialista em mudar a cor da pele — e eles não precisam nem mesmo estar vivos para fazer isso. Contudo, esses curiosos peixes não utilizam seus olhos para notar como está o ambiente ao redor e se camuflar. Então, como esse processo ocorre?
De acordo com um estudo conduzido pela bióloga Lori Schweikert, a resposta pode estar debaixo da pele. Essa hipótese foi levantada após a pesquisadora observar como um bodião-porco estava agindo em Florida Keys, um arquipélago nos Estados Unidos.
(Fonte: Getty Images)
Segundo Schweikert, um bodião-porco estava nadando em direção à isca de uma vara de pescar em Florida Keys. Quando a pesquisadora recolheu a linha, notou que o animal já não tinha mais vida, porém ainda estava mudando de cor e padrão para combinar com o chão do barco. Tendo em vista que o peixe não podia mais usar seus olhos, a bióloga queria saber como ele foi capaz de detectar um novo ambiente mesmo morto.
Como muitas outras criaturas que mudam de cor, o bodião-porco tem uma camada de células especializadas contendo pigmentos em sua pele, chamados cromatóforos. Quando os grânulos de pigmento nessas células se aproximam ou se afastam, a pele do animal acaba mudando de cor.
Em alguns animais, esse processo é desencadeado visualmente. Quando seus olhos detectam um predador, essa criatura camufladora aciona um sinal para o cérebro, que por sua vez envia outra mensagem para os cromatóforos. Contudo, como o bodião-porco em questão já estava morto e não tinha mais acesso aos seus olhos e cérebro, outro tipo de resposta teria que estar envolvida no processo.
(Fonte: Getty Images)
Utilizando um microscópio, Schweikert e sua equipe de pesquisa examinaram mais de perto o que estava acontecendo na pele do peixe. Sob a camada de cromatóforos, os cientistas descobriram outra camada composta por outro tipo de célula, as quais eram repletas de uma proteína detectora de luz conhecida como "opsina".
Em uma exibição de um processo inconsciente, essas camadas de células trabalham juntas para formar um ciclo de respostas que permite ao bodião-porco refinar sua cor. Opsinas detectam mudanças na luz que é capaz de penetrar o corpo do animal através dos grânulos. Logo, é como se a criatura tivesse uma transmissão ao vivo das mudanças que acontecem do lado de fora do seu corpo.
Os pesquisadores ainda não sabem exatamente como, mas as opsinas fornecem essas informações de volta aos cromatóforos acima, desencadeando o movimento do pigmento e uma mudança de cor na pele do bodião-porco sem que o animal precise pensar no processo. A equipe de pesquisa espera que essa nova descoberta possa ser usada para melhorar tecnologias que também utilizam ciclos de respostas sensoriais no futuro.