Estilo de vida
25/08/2023 às 11:00•2 min de leitura
Na linha do tempo do planeta, há muitos eventos que se destacam, embora as razões por trás da ocorrência de todos eles ainda não sejam inteiramente conhecidas, incluindo a extinção da megafauna (animais de grande porte, com mais de 44 quilos) durante o final do período Pleistoceno.
Um dos motivos para isso se dá pela dificuldade de localizar registos fósseis. Mas um estudo inovador, publicado na Science, conseguiu superar esse desafio ao tomar como base a análise de locais com características bastante particulares. Assim, foi possível investigar quando e por qual motivo tantos animais teriam desaparecido.
Grande parte dos mamíferos de grande porte foi extinta há 13 mil anos, e o motivo para isso permanecia desconhecido até então. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Para realizar esse trabalho, pesquisadores recorreram à análise de fósseis presentes em La Brea Tar Pits, famoso sítio de piche, e no Lago Elsinore, ambos localizados no sul da Califórnia. Nesse primeiro local, em específico, há uma grande concentração de asfalto que emergiu da superfície terrestre e, no decorrer do tempo, atuou como uma armadilha fatal a uma grande variedade de animais que passavam sobre ele e terminaram presos.
Com isso, seus restos permaneceram preservados, permitindo que oito espécies de mamíferos fossem cuidadosamente examinados, incluindo cavalos, coiotes, e um antigo camelo. Por meio da datação com radiocarbono, o estudo demonstrou que sete delas teriam desaparecido há treze mil anos — ou melhor, pelo menos cem anos antes da Younger Dryas, uma onda de frio que até então era apontada como uma causa provável.
Ao investigar outros elementos presentes, como o pólen das árvores do período, que também servem como marcadores, foi possível associar a extinção da megafauna com o avanço dos incêndios e a redução na concentração das espécies vegetais na região. Modelagens de séries temporais ainda foram utilizadas para estabelecer relações que diferentes fenômenos poderiam ter.
E a conclusão foi sombria: a atividade humana estaria diretamente relacionada a essa onda de eventos catastróficos, uma vez que o avanço da civilização na região coincidiu com a maior recorrência dos incêndios em larga escala.
Segundo estudo, o aumento da temperatura e a atividade humana teriam desencadeado um grande número de incêndios florestais, extinguindo a megafauna. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Para a coautora do estudo, Emily Lindsey, essa cadeia de eventos teria culminado na maior extinção desde que um asteroide atingiu o planeta e provocou a destruição dos grandes dos dinossauros.
Em se tratando das mudanças climáticas que teriam ocorrido naquele período, segundo o estudo, inicialmente a transição teria ocorrido de forma gradual, durante dois milênios, fazendo com que as temperaturas mais elevadas e o ar mais seco ganhassem espaço, alterando a composição da vegetação no sul da Califórnia.
Em seguida, teria ocorrido um período de mudança climática mais abrupta, em um intervalo de tempo que gira em torno de três séculos, fortemente impactado pelo avanço da civilização em diferentes áreas. A combinação desses fatores teria, portanto, culminado na extinção em massa da megafauna em meio aos incêndios, provocados pelo homem, durante esse período mais seco e quente.
O cenário descrito, de certa forma, é paralelo ao observado atualmente em várias partes do globo, em que incêndios florestais, a exemplo do que ocorreu no Havaí recentemente, estão dizimando vilarejos inteiros e gerando temor em relação ao futuro — isso sem falar nos demais eventos extremos que reforçam a tese de que há uma mudança climática em andamento.