Ciência
04/09/2023 às 13:00•2 min de leitura
À medida que a humanidade se prepara para embarcar em emocionantes missões espaciais rumo à Lua e a Marte, há um enigma que paira no ar: como o espaço sideral pode mexer com nosso sistema imunológico? Para desvendar esse intrigante mistério, um grupo de cientistas suecos decidiu trazer o espaço para a Terra, realizando um estudo pioneiro que simulou os efeitos da microgravidade, aquela sensação de "falta de peso" que desafia nossos astronautas lá em cima.
Células T são responsáveis por proteger nosso sistema imunológico contras diversos invasores. (Fonte: GettyImages / Reprodução)
Nosso sistema imunológico é a primeira linha de defesa contra inúmeras ameaças que habitam nosso planeta. Imagine o que aconteceria se ele fosse abalado por nossa incursão no espaço, deixando nossos astronautas vulneráveis a infecções quando retornassem à Terra.
Para entender esse fenômeno, oito voluntários se submeteram a 21 dias de imersão em um ambiente que simulava a gravidade zero, flutuando em leitos de "imersão a seco". Essa imersão foi feita colocando a pessoa em um colchão d'água que simulava a baixa gravidade experienciada no espaço.
Os cientistas analisaram o sangue dos participantes antes, durante e após a exposição à microgravidade. Suas amostras de sangue revelaram mudanças genéticas significativas nas células T (ou linfócitos T), as guardiãs do nosso corpo contra vírus e tumores.
Durante o estudo, as células T começaram a agir de forma peculiar sob a influência da ausência de peso. Seu perfil genético se transformou, tornando-as menos eficazes na luta contra patógenos.
Os cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, responsáveis pela pesquisa, explicaram que durante a imersão as células T começaram a se comportar como as células T virgens, que são assim chamadas por terem menor capacidade de detectar invasores e alterações celulares, o que pode resultar em infecções e até câncer.
Um dado interessante é que, após a perturbação celular, as células começaram a se adaptar ao efeito da microgravidade, melhorando suas atividades de função imunológica. Após o retorno à boa e velha gravidade, algumas dessas mudanças genéticas nas células T voltaram ao normal. Contudo, sete dias após o término do experimento, as células T mantiveram seu perfil modificado.
Viagens para outros planetas dependerão de como nosso corpo irá se comportar nessa longa viagem. (Fonte: GettyImages / Reprodução)
As mudanças genéticas em astronautas não é novidade para os cientistas. Um bom exemplo é o famoso "Estudo dos Gêmeos" da NASA, onde um astronauta viveu na Estação Espacial Internacional enquanto seu irmão gêmeo permaneceu na Terra.
O estudo revelou que um ano no espaço pode afetar nossos genes de várias formas, como, no caso, o irmão que ficou no espaço teve uma redução em seu desempenho intelectual.
Além disso, o espaço pode prejudicar células sanguíneas e a medula óssea, levando a diversos problemas, alguns até bastante severos. Por isso, pesquisas profundas nessa área são muito importantes se quisermos levar nossa civilização para explorar o espaço.