'Pequeno rato do gelo': o mamífero que viveu junto aos dinossauros no Alasca

15/09/2023 às 08:002 min de leitura

Paleontólogos que exploravam o Norte do Alasca descobriram fósseis de um minúsculo mamífero que habitou a Terra há 73 milhões de anos, nas prováveis condições climáticas mais geladas do planeta, além de ter coexistido com os dinossauros. A curiosa criatura foi apelidada de “pequeno rato do gelo”.

A equipe, chefiada pela professora da Universidade do Colorado em Boulder (EUA), Jaelyn Eberle, teve trabalho para identificar a espécie à qual os restos mortais do animal, que pesava apenas 11 gramas, pertenciam. Eles foram descobertos por meio da análise de dentes do tamanho de um grão de areia, conforme o artigo publicado no periódico Journal of Systematic Paleontology.

Diante dessas características, os pesquisadores resolveram batizá-lo de Sikuomys mikros. A nomenclatura é uma mistura das palavras “Siku”, que na língua inupiaq significa gelo, e “mys” e “mikros”, que em grego representam rato e pequeno, respectivamente.

Vale observar que o Sikuomys mikros não era exatamente um rato, apesar do apelido recebido. Como disseram os especialistas, ele provavelmente apresentava uma aparência semelhante à do musaranho, conhecido pela alta taxa de metabolismo, hábitos noturnos e o focinho comprido.

Clima extremo

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Mesmo com o seu tamanho diminuto, o pequeno rato do gelo não teve dificuldade para se adaptar às condições climáticas extremas da Terra no período Cretáceo Superior. Segundo a pesquisa, a criatura encarou invernos congelantes, nevascas e até quatro meses de escuridão total durante a estação.

Vivendo na região acima do Círculo Polar Ártico, a criatura pertencente à extinta família Gypsonictopidae se mantinha ativa o tempo inteiro. Isso acontecia inclusive nos momentos em que a temperatura se apresentava abaixo do ponto de congelamento, como sugerem os autores.

E ao contrário de outros animais que habitam regiões frias, este “ratinho” não hibernava. Em vez disso, vivia “escavando abaixo da folhagem ou no subsolo e alimentando-se de qualquer coisa que pudesse cravar os dentes, provavelmente insetos e vermes”, como explicou Eberle no artigo.

Além disso, o parente pré-histórico do musaranho moderno precisou se adaptar a um ecossistema que incluía uma floresta polar movimentada, com diversos tipos de dinossauros, outros mamíferos e também aves.

Alimentos escassos influenciaram o tamanho

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Outra curiosidade em relação ao Sikuomys mikros é que a pouca quantidade de alimentos disponíveis durante o inverno, no Alasca, aparentemente influenciou o seu tamanho. Parentes próximos dele, cujos fósseis foram encontrados mais ao Sul, eram até cinco vezes maiores.

“A ideia é que se formos muito pequenos, temos menos necessidade de comida e energia”, aponta a professora, fazendo uma comparação com o musaranho. O tamanho reduzido e a capacidade de sobreviver no subsolo também podem ter sido essenciais para o pequeno rato do gelo.

Essas características facilitaram sua adaptação às mudanças surgidas após a queda do asteroide que matou os dinossauros, há 66 milhões de anos, de acordo com o estudo.

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