Caverna de Movile: o local onde a vida ficou isolada por 5 milhões de anos

20/09/2023 às 12:002 min de leitura

Imagine só permanecer 5,5 milhões de anos afastado de tudo o que está acontecendo no mundo? É exatamente o que aconteceu dentro da Caverna de Movile, uma estrutura rochosa localizada a poucos quilômetros da costa do Mar Negro, na Romênia. Nesse período, o local desenvolveu um ecossistema único e bizarro como nunca visto antes.

A caverna é um dos locais mais isolados do planeta, tendo sido separada do restante do mundo por espessas camadas de argila e calcário durante o final do Mioceno. Quando foi descoberta, em 1986, por pesquisadores que procuravam um local para construir uma usina nuclear, o espaço surpreendeu a todos por hospedar uma verdadeira mina de ouro biológica. Entenda!

Esconderijo na Terra

(Fonte: GESS LAB/Divulgação)(Fonte: GESS LAB/Divulgação)

Para quem pensa que é fácil conhecer a Caverna de Movile após sua descoberta, não é à toa que ela é conhecida como uma das áreas mais isoladas do planeta. Atualmente, o seu acesso é guardado por autoridades e concedido apenas com permissão especial. Com 100% de umidade, atmosfera tóxica e total falta de luz solar, essa é uma área bastante inóspita para se passar qualquer quantidade de tempo.

Mesmo assim, as condições adversas não impediram totalmente o surgimento de vida nessa região. Por meio de estudos mais detalhados, os pesquisadores descobriram que a caverna acolhe uma infinidade de espécies estranhas, as quais se adaptaram ao longo dos anos para conseguir sobreviver nessa atmosfera única.

Os cientistas identificaram 53 espécies de invertebrados que vivem na Caverna de Movile, 37 das quais não podem ser encontradas em qualquer outro lugar do mundo. Entre esses habitantes estão aranhas, escorpiões aquáticos e sanguessugas, bem como uma espécie de centopeia recém-descoberta — a qual foi coroada "rei da caverna" em 2020.

Características únicas

(Fonte: GESS LAB/Divulgação)(Fonte: GESS LAB/Divulgação)

A forma como ela se adaptou às condições incomuns fez com que a maioria das criaturas residentes dessa área não tenham olhos ou pigmentação da pele. Afinal, quem precisa enxergar cores ou ter olhos funcionais quando se vive no escuro completo?

Esse estilo de vida também fez com que um tipo distinto de cadeia alimentar se desenvolvesse. Embora a maioria dos ecossistemas dependa da fotossíntese — a obtenção de energia através da luz solar —, as criaturas de Movile dependem, em vez disso, da quimiossíntese. 

Sem luz solar e vivendo com o mínimo de oxigênio, as bactérias da caverna oxidam a abundância de metano e enxofre para produzir nutrientes e formar esteiras microbianas. Então, essas substâncias são comidas por criaturas no solo e nas águas da caverna. Isso faz com que Movile seja o único ecossistema terrestre com uma cadeia alimentar desse gênero.

Considerando que esse habitat foi descoberto há apenas 37 anos, os pesquisadores acham bastante provável que muitos outros mistérios ainda estejam à espreita. Se tivermos sorte, novos estudos podem revelar algumas das respostas que sempre buscamos sobre os segredos da biologia evolutiva.

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