Artes/cultura
29/09/2023 às 03:00•2 min de leitura
Em junho de 2023, astrônomos se viram decepcionados ao relatarem uma descoberta não tão impressionante: o Telescópio Espacial James Webb (JWST) não conseguiu encontrar uma atmosfera espessa em torno do planeta rochoso TRAPPIST-1 C, um exoplaneta que existe dentro de um dos sistemas planetários mais tentadores na busca por vida alienígena no Universo.
A triste notícia segue outras informações semelhantes a respeito do planeta vizinho TRAPPIST-1 B, outro planeta do sistema TRAPPIST-1. Então, o que é necessário para conseguirmos encontrar vida fora da Terra? Embora esse não seja um questionamento científico novo, ele ainda é extremamente debatido por aí.
(Fonte: GettyImages)
Ao longo dos próximos anos, o JWST deverá vislumbrar as atmosferas de vários planetas promissores orbitando estrelas distantes. Escondidos na química dessas atmosferas podem estar os primeiros indícios de vida além do nosso sistema solar. Porém, o que se qualifica como uma verdadeira assinatura química de vida?
Um dos problemas é que até mesmo os telescópios mais poderosos não enxergam exatamente os exoplanetas. Em geral, os astrônomos conhecem esses mundos distantes apenas pela oscilação das suas estrelas. Em vez de observar os planetas diretamente, os pesquisadores apontam os telescópios para as estrelas e esperam que esses astros transitem entre o sol e o telescópio.
À medida que um planeta transita, um pouco da luz estelar é filtrada pela sua atmosfera e escurece a estrela em determinados comprimentos de onda — algo que depende dos produtos químicos na sua atmosfera. Esses dados rastreados falam um pouco sobre como esses mundos distantes podem ser.
Contudo, novos estudos estão procurando uma bioassinatura que demonstre a existência de um gás na atmosfera de um exoplaneta que tenha sido claramente produzido pela vida. Por muito tempo, acreditava-se que o oxigênio, abundante na Terra devido à fotossíntese, fosse a resposta para isso. No entanto, esse gás pode surgir de processos que não necessariamente envolvem a vida.
(Fonte: GettyImages)
Antes de encontrarem qual o fator que determina a existência da vida em um lugar remoto, pesquisadores agora têm tentado realizar o processo reverso e determinar a "não-vida". Assim, em vez de se concentrarem na questão de saber se um planeta é habitável, alguns cientistas argumentam que estudar planetas obviamente sem vida reforçará a procura por vida alienígena.
“Há tantas coisas realmente básicas que penso que precisamos de aprender sobre os planetas primeiro, antes mesmo de começarmos a colocar a questão da habitabilidade”, disse a pesquisadora Laura Kreidberg, do Instituto Max Planck de Astronomia, em um dos seus estudos.
Na visão de muitos astrônomos, a descoberta de vida em exoplanetas será uma acumulação gradual de evidências. Ou seja, à medida que novos dados continuarem surgindo, os cientistas poderão começar a testar suas hipóteses sobre planetas rochosos de uma forma mais rigorosa e até mesmo reavaliá-las. Dessa forma, quem sabe assim, um dia descobriremos que não somos tão solitários no Universo quanto já pensamos ser.