Artes/cultura
09/10/2023 às 09:00•2 min de leitura
Em abril de 1986, um dos reatores da usina nuclear de Chernobyl explodiu. Considerado como o maior acidente nuclear da história, a explosão provocou a morte de mais de 20 mil pessoas. Além disso, uma área de 2.600 quilômetros quadrados ao redor do local foi evacuada devido à contaminação radioativa.
Agora, em meio a uma guerra travada com a Rússia, o governo ucraniano demonstra interesse em explorar a zona de exclusão de Chernobyl para a produção de energia.
Um novo parque eólico pode reduzir a dependência energética da Ucrânia. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
A ideia é transformar a área em um parque eólico, referência na produção de energia verde. Para isso, a empresa alemã NOTUS Energy seguirá com pesquisas sobre o potencial da região. Estima-se que seria possível produzir 1.000 megawatts (MW) de energia eólica.
Em 11 de setembro, foi assinado um acordo de cooperação para dar início ao projeto de geração de energia eólica. No mesmo mês, a Ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, visitou a Ucrânia pela quarta vez desde o início da guerra, em sinalização de apoio ao projeto.
A energia produzida pela nova usina eólica seria o bastante para distribuir eletricidade para pelo menos 800 mil residências em Kiev, capital ucraniana. Além disso, uma vez em operação, o local se tornaria um dos maiores parques eólicos do continente europeu.
Não seria a primeira vez que o país busca meios de aumentar o seu potencial energético: em 2018, uma usina solar foi inaugurada numa região próxima da antiga usina de Chernobyl. No local, que antes estava em ruínas, mais de 3 mil painéis foram instalados e passaram a fornecer energia para cerca de 2 mil casas.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
No cenário atual, onde o país trava um conflito que ainda parece distante do fim, a busca por energia leva em consideração que um novo inverno se aproxima. E junto com ele, as dificuldades tendem a se acentuar.
É necessário considerar ainda que, desde a dissolução da União Soviética, em 1991, a Ucrânia, assim como muitos outros países europeus, manteve uma forte dependência da importação de combustíveis fósseis da Rússia. Mas desde a invasão russa, além da busca de apoio internacional, o país tem investido em estratégias para ampliar a sua autossuficiência.
Inclusive, uma das estratégias adotadas pelo governo russo tem sido a de fragilizar o país por meio do ataque à sua infraestrutura. Com isso, a população ucraniana é diretamente afetada pelas falhas de abastecimento de eletricidade, aquecimento e água — fora os bombardeios e ataques diretos que deixam um legado de destruição e mortes em solo ucraniano.
Vale lembrar ainda que a Ucrânia é um dos países que pleiteou o ingresso à União Europeia formalmente desde fevereiro de 2022. Mas para que as negociações avancem, ainda é necessário que o país cumpra uma série de requisitos — o que se torna uma possibilidade mais distante, dado o cenário delicado e a instabilidade que a Ucrânia vivencia.