Artes/cultura
13/10/2023 às 08:00•2 min de leitura
Um estudo publicado no Royal Society Open Science, envolvendo diversos mamíferos diferentes, trouxe uma descoberta incrível: 125 espécies apresentaram alguma forma de brilho em seus corpos quando expostas à luz ultravioleta (UV).
Até mesmo o golfinho-rotador-anão surpreendeu com a revelação de que seus dentes são fluorescentes. Porém, os cientistas notaram que esse fenômeno não é algo uniforme, mas que pelos brancos são um grande indicador da capacidade de brilhar sob iluminações UV.
(Fonte: WA Museum/Royal Society Open Science/Reprodução)
A fluorescência é um fenômeno óptico em que um material absorve luz de uma determinada faixa de comprimento de onda, e emite uma luz visível de comprimento de onda mais longo em resposta a isso.
Em 2019, cientistas já haviam descoberto que os esquilos voadores emitem um brilho rosa ao serem expostos à iluminação UV. E, durante a época de pandemia, o Dr. Kenny Travouillon realizou experimentos nesse âmbito com algumas amostras do Museu da Austrália Ocidental, descobrindo que essa característica realmente é muito comum entre os mamíferos.
Depois disso, Travouillon e seus companheiros investigaram o fenômeno de forma mais sistemática, explorando quais espécies realmente eram capazes de emitir brilho e em qual grau.
Aparentemente, o pelo branco parece possuir um grande nível de fluorescência, mas os pesquisadores apontaram que ainda não foram capazes de confirmar isso nos lêmures. Porém, outras cores, como a amarela, também apresentam algum tipo de brilho e até aqueles com pelagens mais escuras chegam a emitir um pouco de luz, seja ao redor das patas ou nas unhas.
"Houve uma grande quantidade de fluorescência branca no pelo branco do coala, do diabo-da-tasmânia, do equidna-de-focinho-curto, do vombate-de-nariz-peludo-do-sul, do quenda, do bilby-grande e de um gato – e enquanto os pelos brancos de uma zebra brilharam, os pelos escuros não", afirmou Travouillon em um comunicado.
(Fonte: Royal Society Open Science/Reprodução)
Os pesquisadores também investigaram se a fluorescência era real ou apenas um espalhamento óptico com um efeito semelhante. Para isso, eles usaram amostras de várias espécies, alterando o comprimento de onda da luz ultravioleta aplicada e conferindo se o espectro de emissão se alterava.
Os testes comprovaram que o fenômeno era verdadeiro, e embora seja mais comum em criaturas noturnas do que diurnas, sua ampla presença parece ressaltar a ideia de que não possuía nenhum benefício evolutivo direto. Uma das possibilidades para essa característica pode ser um subproduto das moléculas presentes no pelo, algo impossível de ser descoberto até a invenção da luz negra.
Além disso, algumas espécies podem ter aprimorado esse brilho como uma forma de sinalização sexual. Assim como outros mamíferos, os humanos também apresentam a fluorescência, com o brilho aparecendo em nossos dentes e cabelos claros, como loiros e brancos, ao serem expostos à iluminação UV. Porém, talvez o mais interessante seja que este traço também está presente em aves e répteis.
"Eu experimentei em minhas calopsitas e descobri que as penas amarelas brilham em laranja sob a luz UV", explicou Travouillon. A pesquisa sobre esse fenômeno intrigante continua, abrindo novas perspectivas sobre os segredos "brilhantes" dos mamíferos e de outras espécies.