Estilo de vida
16/10/2023 às 11:00•2 min de leitura
Pesquisadores das universidades de Linnaeus e de Estocolmo, na Suécia, descobriram um vazamento de metano (CH4), um gás potencialmente perigoso, durante uma expedição à depressão oceânica Landsort Deep, no Mar Báltico. Encontrado a 400 metros abaixo da superfície da água, o escape se estende por uma área de 20 quilômetros quadrados, equivalente a 4 mil campos de futebol.
Embora esse borbulhar de metano seja comum em fundos marinhos costeiros mais rasos, explica em um comunicado o professor de geofísica marinha da Universidade de Estocolmo, Christian Stranne, "nunca vi uma libertação de bolhas tão intensa antes e definitivamente não de uma área tão profunda", afirma. Isso porque, nas áreas profundas, o metano tende a se dispersar por difusão.
Originalmente, o projeto de pesquisa, liderado pelo professor de ciências ambientais da Universidade Linnaeus, Marcelo Ketzer, tinha como objetivo "expandir o conhecimento sobre o metano e as suas fontes e sumidouros nos ambientes isentos de oxigênio nas partes mais profundas do Mar Báltico".
(Fonte: Getty Images)
Quando detectaram o vazamento, os pesquisadores se surpreenderam duplamente. Primeiramente, por saber que existe um mecanismo totalmente inédito de fornecimento de metano no fundo do Mar Báltico. Em seguida, ao observar até que ponto as bolhas do CH4, que geralmente dissolve na água, subiram na coluna de água em direção à superfície do mar.
De acordo com Ketzer, a altura máxima que eles esperavam que as bolhas de metano pudessem atingir era 50 metros do fundo. Mas as bolhas do Landsort Deep chegaram a atingir 380 metros na coluna de água, ou seja, a apenas 20 metros da superfície.
(Fonte: Christian Stranne)
Até o momento, os pesquisadores não conseguiram estabelecer com precisão nem mesmo a altura que as bolhas estão atingindo. Verificações feitas pelo sonar mostraram bolhas a cerca de 40 metros da superfície do mar, mas é possível que elas cheguem a níveis ainda mais altos, diz o release. Um dos motivos pode ser o seu tamanho exagerado.
No entanto, os dois pesquisadores acreditam que o fenômeno pode estar ligado à ausência de oxigênio nas águas profundas do Báltico. Sem oxigênio, os níveis de metano dissolvido na água do oceano podem se elevar, o que ajuda as bolhas a conservar o gás natural. Parte do problema também pode estar ligado a um filtro microbiano (bactérias que "comem" até 90% do metano) mais fraco naquela região.
Marcelo Ketzer e Christian Stranne continuam examinando as hipóteses, inclusive a de um aumento no transporte de metano das partes mais profundas para a superfície, caso as condições de oxigênio no Mar Báltico piorem. Para eles, emissões do gás podem estar também ocorrendo em outros locais. Uma segunda expedição está sendo preparada para conferir se há risco de que o metano seja liberado na atmosfera.