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26/04/2023 às 13:00•2 min de leitura
No fundo do oceano, a 80 km da costa do estado do Oregon (EUA), existem algumas pequenas aberturas de 5 cm de largura. Esses buracos jorram fluidos que se originam a 4 km de profundidade, no encontro de várias placas tectônicas.
Esse fenômeno, nunca antes visto, foi batizado como Oásis de Pythia — em referência a uma sacerdotisa da Grécia antiga que tinha o dom da clarividência. Isso porque os cientistas estão apostando que os buracos e seus fluidos podem fazer previsões sobre os terremotos.
São, pelo menos, quatro aberturas. Elas ficam na falha submarina de Cascadia, que é menos famosa que a de San Andreas, mas também tem potencial de causar terremotos gigantescos. Acredita-se que um terremoto nessa falha poderia alcançar a magnitude 9 na escala Richter e causar tsunamis de 30,5 metros de altura.
É por isso que as aberturas e seus fluidos interessam tanto aos cientistas: elas podem ajudar a explicar o comportamento das placas tectônicas.
Buracos têm cerca de 5 cm de comprimento (Fonte: Science/Reprodução)
O Oásis de Pythia foi descoberto por um estudante da Universidade de Washington, durante uma viagem de estudos, conta o professor de oceanografia Evan Solomon, que é co-autor de um estudo sobre as aberturas, publicado recentemente pela revista Science Advances.
O sonar do navio detectou bolhas saindo do fundo do mar. Ao explorá-las, a equipe descobriu que não eram bolhas de metano, mas sim de água — como se o fundo do oceano tivesse uma mangueira de alta pressão. "É algo que eu nunca tinha visto e, pelo meu conhecimento, nunca tinha sido observado antes", afirmou o professor Solomon, em nota.
Os fluidos estavam a 9 °C, mais quente que a água nessa região. Isso indica que eles vêm de regiões ainda mais profundas e quentes, quilômetros adentro da crosta terrestre. Ao estudar esses fluidos, os cientistas descobriram que eles carregam minerais como boro e lítio — que vem das pedras pelas quais o fluido passa, antes de sair pelas aberturas.
Os pesquisadores da Universidade de Washington ainda não têm certeza de como os fluidos interagem com as placas tectônicas, mas têm algumas hipóteses interessantes. As aberturas podem ser como "válvulas de escape", que alteram a pressão dos fluidos na região onde as placas se encontram — e, em última instância, influenciam o próprio movimento das placas.
É possível que esses fluidos com alta pressão suprimam a atividade sísmica, permitindo que as placas tectônicas se movimentem umas sobre as outras sem fricção ou sem terremotos. Mas outros estudos são necessários para entender a extensão desse fenômeno, que só acabou de ser descoberto.
Ainda assim, é impressionante que algo tão pequeno no fundo do oceano possa ser tão importância para a gente aqui em cima, não é mesmo?