Semente híbrida de 144 anos é ressuscitada e germina em experimento científico

14/11/2023 às 02:002 min de leitura

Se pararmos para pensar, as plantas são fascinantes. A maioria só precisa de terra e um pouco de água para germinar — e suas sementes ficam à espera das condições certas para brotarem. Mas quanto tempo elas são capazes de aguardar?

Para responder essa pergunta, o botânico William J. Beal, pesquisador da Universidade Estadual do Michigan, nos EUA, propôs o seguinte estudo no ano de 1879: ele colocou 50 sementes de 23 espécies de ervas-daninhas em 20 garrafas de vidro. Essas garrafas foram enterradas com a boca virada para baixo, para evitar o acúmulo de água e a germinação.

Apenas pessoas autorizadas tinham acesso à localização do estudo. Isso reduzia as chances de alterações nos recipientes. Depois de cinco anos, Beal foi até o esconderijo das garrafas, desenterrou uma delas, coletando exemplares das sementes para testar se elas ainda eram capazes de germinar — e eram.

O botânico repetiu o experimento a cada cinco anos. Depois, o intervalo passou a ser de dez anos e, em 1980, foi definido que as sementes seriam desenterradas a cada 20 anos.

Semente híbrida foi encontrada e plantada

Garrafa que continha as sementes. (Fonte: Reprodução/Derrick L. Turner.)Garrafa que continha as sementes. (Fonte: Reprodução/Derrick L. Turner.)

O botânico descreveu todas as espécies que faziam parte do seu estudo e, para surpresa dos pesquisadores, eles encontraram uma semente híbrida em uma das garrafas desenterrada. Essa semente não havia sido registrada.

Então, os cientistas decidiram plantá-la e, 144 anos após ter sido enterrada, essa semente terá a chance de germinar. “Beal afirmou que incluiu apenas sementes de Verbascum thapsus, então alguma confusão deve ter acontecido enquanto as garrafas estavam sendo preparadas”, explicou a professora Grace Fleming, da Universidade Estadual do Michigan.

Antes que você se assuste com o fato de os pesquisadores terem plantado uma semente desconhecida, é importante esclarecer que eles sabiam do que se tratava, já que foi feito o sequenciamento genético dessas sementes. Por isso, eles sabiam que aquela planta era um híbrido de outros vegetais. Nesse caso, a semente cultivada é um híbrido de duas outras espécies de erva-daninha.

O cultivo de híbridos é muito comum e data do ano de 1760. Nesse tipo de manejo, duas espécies vegetais diferentes e puras são cruzadas para gerar uma terceira planta com características específicas das plantas usadas.

Isso pode ser feito tanto para fortalecer uma espécie como torná-la resistente a uma praga, mas também para enfraquecê-la, evitando que floresça.

Objetivo do estudo era ajudar agricultores

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Pode parecer estranha a ideia de preservar sementes de ervas-daninhas, uma vez que elas são consideradas pragas na agricultura e jardinagem. Contudo, o que Beal queria era justamente entender como funcionava a sobrevivência dessas espécies, de modo que suas pesquisas poderiam contribuir para o tratamento adequado dessas plantas.

No entanto, hoje em dia, muitas empresas e organizações se dedicam a preservar sementes. Isso é fundamental para que espécies em risco de extinção possam ser mantidas em proteção para as gerações futuras.

Além disso, a agricultura também depende desses bancos de sementes. Assim, caso uma praga dizime uma plantação, dificultando o acesso a sementes para o plantio, os agricultores terão acesso a novas sementes. No Brasil, a Embrapa é uma das responsáveis por esse serviço.

Contudo, no caso do estudo iniciado por Beal no século passado, ainda não há uma resposta sobre o período máximo que uma semente suporta ser guardada, preservando sua capacidade de brotar. Isso significa que muitas garrafas ainda serão desenterradas pelos cientistas.

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