Afinal, a corrida espacial para Marte já começou?

17/11/2023 às 12:002 min de leitura

Há um ano, a Administração Espacial Nacional Chinesa (CNSA) fez um anúncio que ganhou pouca atenção, mas que poderia ter grandes implicações para a exploração espacial. Eles anunciaram a intenção de enviar outra missão a Marte, chamada Tianwen-3, e usá-la para trazer uma amostra da superfície do planeta vermelho. A data anunciada do retorno do projeto foi 2031.

Isso significa que a missão chinesa chegará antes da data prevista para o retorto da missão Mars Sample Return (MSR) da NASA, a qual deve chegar na Terra em 2033. Se a China cumprir com o objetivo anunciado, esse será o maior golpe que os Estados Unidos sofrerão no espaço desde a Guerra Fria. Portanto, podemos dizer que estamos no meio de outra corrida espacial? E quais implicações isso teria para a humanidade?

Disputas espaciais

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

A concorrência chinesa no espaço não é algo que os EUA devem aceitar de braços cruzados. Se em algum momento parecer que a China conseguirá cumprir os seus objetivos, é bem provável que a NASA consiga alavancagem para atrair mais dinheiro no congresso norte-americano para chegar em Marte mais rapidamente — ou pelo menos alcançar outras vitórias que ofuscarão qualquer feito dos chineses.

Contudo, também existe uma grande probabilidade dos EUA e seus aliados alterarem as suas prioridades espaciais para objetivos mais chamativos que resultem em vitórias de relações públicas em vez de objetivos mais cientificamente recompensadores. Isso poderia ser considerado uma derrota científica tremenda em uma época em que as tecnologias se expandem.

Tudo isso, porém, dependerá das perspectivas de sucesso da missão da China serem consideradas plausíveis, uma vez que anunciar uma missão MSR é bem diferente de concretizá-la. Afinal, existem motivos pelos quais até mesmo a NASA está tendo tantos problemas para colocar em ordem seus planos para sua própria missão de recuperar poeira marciana.

Projetos desperdiçados

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

A Agência Espacial Japonesa (JAXA) possui o plano de capturar um pedaço de uma das luas marcianas até 2029. Mesmo que decolar de Fobos ou Deimos seja desafiador, isso ainda está dentro das capacidades atuais. A gravidade marciana, por sua vez, é quase mil vezes maior — mesmo se ignorarmos quaisquer obstáculos adicionar existentes em sua atmosfera.

E o que isso quer dizer? Para escapar desse problema, serão necessários foguetes poderosos, que devem pousar na superfície do planeta vermelho em condições de disparar novamente. Por conta disso, a China já tem desenvolvido um novo modelo mais resistente aos danos que a poeira marciana causou às sondas e rovers anteriores. Afinal, corridas espaciais acabam incentivando a criação de novas tecnologias.

Por exemplo, a corrida espacial durante a Guerra Fria causou a criação do primeiro satélite artificial e a chegada do primeiro humano na Lua. Foram tantos projetos surgindo ao mesmo tempo que a ciência estava completamente no seu ápice. Contudo, a prioridade sempre esteve em projetos que gerassem boa repercussão para os políticos norte-americanos, e não exatamente nas replicações do que seria mais útil cientificamente. 

No atual cenário, existem temores de que os excessos de custos para a MSR levem ao esgotamento ou atraso de outras missões espaciais, especialmente aquelas para o Sistema Solar Exterior. Sendo assim, obviamente coletar informações de Marte será algo impressionante, mas valerá a pena se para isso tivermos que sacrificar anos de avanços científicos relevantes? Veremos em breve. 


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